A falta de chuvas em parte da Região Nordeste já obrigou 139 cidades do
Rio Grande do Norte a decretar situação de emergência, afetando, somente
nas zonas rurais, a mais de 500 mil pessoas. Em alguns municípios do
sertão potiguar, como Luís Gomes e Antônio Martins, apontados pelo
governo estadual como dois exemplos de situação crítica, a estiagem já
obriga muitas pessoas a percorrer longas distâncias em busca de água. O
percurso, na maioria dos casos, é feito a pé, sob sol forte.
Moradores
de várias localidades do Semiárido dependem de carros-pipa contratados
pelo Exército para ter água potável, usada para beber e cozinhar. É o
caso da zona rural de Lajes, cidade da região central, a cerca de 120
quilômetros da capital, Natal. Segundo o secretário de Comunicação e
coordenador da Defesa Civil municipal, Pedro Joventino Alves, a situação
no município é caótica e já há quem preveja que até 50% do rebanho
local poderão morrer por falta de água e comida.
“A situação é
muito preocupante. Há um ano não chove na região e os reservatórios que
abastecem a zona rural, onde vivem cerca de 2,5 mil pessoas, estão
secos. Lá, o abastecimento é feito por meio de carros-pipa”, disse o
secretário hoje (22) à Agência Brasil.
Até o fim de abril, a
Secretaria Estadual de Agricultura estimava que só os efeitos da
estiagem sobre a produção agrícola provocariam uma queda de R$ 2,5
bilhões a R$ 3,5 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) estadual. De
acordo com a Emater-RN, empresa de extensão rural local, até abril, em
todo o estado, 878 mil bovinos, 396 mil caprinos, 546 mil ovinos e 161
mil suínos haviam sido afetados pela seca, com a perda de produção e a
consequente falta de alimentos.
Segundo a governadora Rosalba
Ciarlini (DEM), o problema, contudo, não é propriamente a seca, algo com
que, segundo ela, o sertanejo potiguar já está acostumado, mas sim “a
falta de infraestrutura hídrica” adequada, ou seja, de distribuição. “A
seca não é novidade. É o nosso clima”, disse a governadora, segundo nota
publicada no site dogoverno estadual.
“Temos que pensar uma
forma de desenvolver infraestrutura hídrica que leve água às cidades,
fortalecendo o campo. Estamos vivenciando a maior seca e ela não vai
acabar agora. Sabemos que a cada dia teremos mais situações realmente de
calamidade", conclui a governadora.
Para minimizar os impactos
da falta d´água e socorrer os pequenos agricultores, o governo estadual
prometeu começar, imediatamente, a construir 2.800 cisternas; restaurar
parte dos quase 800 poços artesianos que não estão sendo utilizados,
embora tenham sido perfurados e fornecer dessalinizadores para as
cidades em que os poços que estão com a água salgada.
O governo
estadual também garantiu a retomada das obras para a conclusão e
operacionalização do sistema adutor do Alto Oeste, que beneficiará as
cidades da região oeste do estado, entre elas Luiz Gomes e Antônio
Martins, e a retomar, no próximo sábado (26), as obras de construção e
conclusão de pequenos sistemas adutores na região do Seridó.
Também
foi anunciada a antecipação do pagamento do Seguro Safra, que, de
acordo com o governo estadual, deverá beneficiar mais de 37 mil famílias
de 117 municípios. Cada família beneficiada receberá, a partir de
junho, cinco parcelas de R$ 136. As famílias necessitadas que não
tiverem direito ao seguro poderão recorrer a outro programa, chamado
Bolsa Estiagem, pelo qual poderão receber R$ 400 divididos em cinco
parcelas.
Da Agência Brasil
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