Parece inacreditável, mas não é.
Leiam a reportagem de Maria Lima no jornal O Globo:
Pelo
balanço de peemedebistas e líderes da base governista no Senado, o
senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) só precisaria virar hoje 11
votos para não ser cassado no plenário da Casa. Certo de que o caso é
perdido no Conselho de Ética, onde o pedido de cassação deve ser
aprovado em votação aberta no final de junho, Demóstenes tem investido
pesado nas articulações para derrubar a decisão do colegiado no
plenário, onde o voto é secreto. Nesta quarta-feira, ele passou quase
toda a tarde no plenário, e senadores de quase todos os partidos fizeram
questão de cumprimentá-lo ou trocar algumas palavras.
A
cassação de um mandato exige o voto de 41 dos 81 senadores. Pelo
levantamento informal, Demóstenes já contaria com 30 votos a seu favor,
principalmente do PMDB, que, segundo um integrante do partido
consultado, não tem tradição de votar por cassação de mandato. O
advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, afirma, em
conversas reservadas, que seu cliente tem chances no plenário. Alguns
senadores, sob anonimato, também admitem isso. Além da investida pesada
para virar o voto do plenário, a estratégia é ganhar tempo no Conselho
de Ética, pois logo vem o recesso e a campanha política.
—
Estamos trabalhando — diz Kakay, mas sem confirmar os 30 votos a favor
nesse momento: — Cada senador é uma instituição — acrescenta.
Na avaliação dos senadores, as chances de Demóstenes aumentam se houver um número de ausências ou abstenções.
—
Hoje o Demóstenes tem 51 votos a favor da cassação. Precisa virar 11.
Se cinco se ausentarem e seis se abstiverem ele escapa. No PTB, hoje,
tem três doentes, afastados. Se o povo viajar? Na cassação do Renan,
cinco viajaram. A defesa mais consistente que o Demóstenes tem hoje é o
tempo. Seu maior amigo é o tempo — explicava um líder da base.
O
senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) foi um dos que Demóstenes
procurou. Publicamente, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), diz que
Demóstenes não tem chances no plenário, mas peemedebistas dizem que “não
há hipótese” de o PMDB ligado ao líder e ao presidente do Senado, José
Sarney (AP), votar a favor de cassação de mandato.
— O
Demóstenes andou me ligando, dizendo que estava à disposição para dar
explicações. Mas depois que publicaram que eu defendia o voto aberto
para votação de seu processo no plenário, ele parou de me ligar — contou
Jarbas Vasconcelos.
Sem falar com os jornalistas, Demóstenes
participou nesta quarta-feira no plenário de votações e recebeu muitos
cumprimentos de Renan, Romero Jucá (PMDB-AP), Blairo Maggi (PR-MT), Cyro
Miranda (PSDB-GO), Eduardo Suplicy (PT-SP), do líder do DEM, José
Agripino Maia (RN), entre outros senadores.
O líder do PT,
Walter Pinheiro (BA), considera muito difícil a absolvição, mas outros
senadores têm dúvidas, como o conterrâneo Cyro Miranda (PSDB-GO), que,
em conversas com os colegas, fala até em renúncia caso Demóstenes seja
absolvido.
— Se esse homem escapar eu estou morto. Quem em Goiás
vai acreditar que eu não votei a favor de sua absolvição? Se não ficar
de olho, ele escapa — disse Cyro para um líder da base.
O
relator do processo no conselho, senador Humberto Costa (PT-PE), nega
que esteja sendo articulada uma pena alternativa, mais branda, de
afastamento por seis meses, ao invés da cassação:
— Eu ouvi essa conversa. Fui atrás mas não tem nada. Quem iria apresentar um voto em separado nesse sentido?
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