A maioria dos réus do mensalão, cujo julgamento começa nesta
quinta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF), mantém as mesmas
atividades que tinham antes da explosão do escândalo, em 2005. Entre os
principais nomes, a única exceção é Marcos Valério, que deixou as
empresas de publicidade, apontadas como financiadoras do esquema de
pagamento de propina a políticos e partidos, e hoje presta consultoria.
Outros nomes continuam como referência em suas respectivas áreas. O
publicitário Duda Mendonça, acusado de ter dissimulado a origem dos
recursos que foram destinados ao PT, mesmo depois do escândalo,
trabalhou em campanhas como a da governadora do Maranhão, Roseana Sarney
(PMDB), em 2010, e no plebiscito do Pará, no ano passado, pela frente a
favor da divisão do Estado.
Cristiano Paz, ex-sócio de Marcos Valério, também não deixou a vida de
publicitário. Ele mantém uma nova empresa no ramo, com grande atuação em
Minas Gerais. Dois dos réus ainda mantêm suas funções como prefeitos,
como Anderson Adauto e José Borba. Outros se afastaram um pouco da vida
política, como o ex-deputado Carlos Rodrigues (bispo Rodrigues), hoje
empresário do ramo das telecomunicações no Rio de Janeiro.
Anderson Adauto - Acusado de ter sido um dos
intermediários na "venda" de apoio do PTB, Adauto foi reeleito à
Prefeitura de Uberaba em 2008, com 85 mil votos. Chegou a licenciar-se
do cargo por três meses em 2010 para participar da campanha de Helio
Costa ao governo do Estado;
Ayana Tenório – Acusada pela Procuradoria de autorizar
empréstimos fraudulentos para o PT quando era executiva do Banco Rural,
depois de anos de trabalho no mercado corporativo, ela tenta agora
retomar a vida e reestruturar sua empresa de Recursos Humanos;
Carlos Rodrigues - Apontado como um dos beneficiados do
esquema, o ex-deputado do PL hoje é empresário no ramo das
telecomunicações, tendo controlado a Rádio Nova AM (hoje Rádio Record
Rio) no Rio de Janeiro;
Cristiano Paz - Ex-sócio de Valério, hoje, tem uma
badalada agência de publicidade em BH aberta com seu filho, João. Na
festa de 5 anos da empresa, teve até show do Toquinho;
Delúbio Soares – Ex-tesoureiro do PT durante o
escândalo do mensalão, é acusado de ter contraído os empréstimos que
financiaram a compra de apoio político de deputados. Foi expulso do PT
no auge dos escândalos, mas readmitido no partido depois. Hoje, se
dedica a atividades partidárias e empresariais. Tenta voltar à política,
mas tudo dependerá do resultado do julgamento;
Duda Mendonça - Acusado de ter recebido recursos do
chamado 'valerioduto', o publicitário continua atuando em seu ramo e
fazendo campanhas eleitorais - entre elas a de Elmano Freitas, em
Fortaleza;
Emerson Palmiere – Ex-secretário do PTB foi acusado de
ter mediado a compra de apoio político de integrantes do PTB. Ele ainda
presta apoio informal a prefeitos e candidatos em Estados como a Bahia.
Mas, oficialmente, trabalha apenas como fazendeiro;
João Paulo Cunha - Ex-presidente da Câmara que teria recebido R$ 50 mil do grupo de Valério é o único dos réus a disputar as eleições neste ano. Cunha é candidato à prefeito de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo;
José Borba - Ex-deputado do PMDB teria recebido
pagamentos de R$ 2,1 milhões do esquema. Atualmente, é prefeito de
Jandaia do Sul, no Paraná, tendo sido eleito em 2008 com 43,16% dos
votos;
José Genoino - Acusado de formar o núcleo central do esquema instituído por Dirceu, o ex-presidente do PT é assessor especial da Defesa e recebe um salário de R$ 8.890;
José Dirceu - Acusado de ser o chefe do mensalão,
Dirceu afastou-se oficialmente da vida pública depois de 2005. Mas
mantém sua posição de líder dentro do PT e presta consultorias ao
próprio partido e a empresários. Em sua defesa, fala que o mensalão foi uma invenção do ex-deputado federal Roberto Jefferson;
José Luiz Alves - Acusado de ser um dos intermediários
entre Marcos Valério e deputados federais, hoje ele é presidente da
Codau, empresa de tratamento de água de Uberaba;
Kátia Rabelo - Presidenta do Banco Rural na época do
mensalão foi acusada de autorizar os empréstimos supostamente
fraudulentos que sustentaram o esquema. Ela foi afastada da presidência
do banco, mas ainda controla uma das holdings do grupo;
Marcos Valério - É acusado de desviar recursos de
empréstimos e contratos com o Banco do Brasil e a Câmara dos Deputados
para os cofres de campanha do PT. Hoje, trabalha com consultoria;
Pedro Corrêa - Acusado de receber dinheiro do PT em
troca de apoio no primeiro mandato do governo Lula, Corrêa, que é
formado em medicina, hoje trabalha como pecuarista. Ele cuida de suas
fazendas de gado em Pernambuco;
Ramon Hollerbach - Acusado de integrar o núcleo do
chamado mensalão, o publicitário Hollerbach hoje assessora empresas com
pesquisas de mercado, sua especialidade. Ele possui um escritório em
Belo Horizonte
Roberto Jefferson – Ex-deputado federal e delator do mensalão, Roberto Jefferson é presidente do PTB e recentemente passou por uma cirurgia para retirada de um tumor no pâncreas. Como teve mandado cassado, está inelegível até 2015.
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