LAGOA DE MONTANHAS

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domingo, 12 de agosto de 2012

CAMPANHA ESTA MORNA DIZ CIENTISTA POLITICO

O cientista político e professor do programa de pós-graduação da UFRN em Ciências Sociais, José Antônio Spinelli, analisou a atual campanha para prefeito municipal. Para o cientista, a falta do antagonismo entre os candidatos, as novas regras eleitorais e o palanque eletrônico influenciaram a campanha e, como resultado, o pleito frio e segue sem motivação. José Spinelli é autor de obras como “Getúlio Vargas e Oligarquia Potiguar: 1930 a 1935”, Nordeste 2004 e Nordeste 2008: o voto das capitais, em ambos como organizadores.

Nominuto.com - Quais as diferenças entre atual campanha em comparação as anteriores?

José Spinelli - Primeiro, temos que entender que antigamente as campanhas eram feitas no corpo a corpo, nos grandes comícios, no face a face com o eleitor. Isso contribuía para motivar os eleitores. Há, também, a questão do antagonismo político, como por exemplo, Aluísio Alves e Dinarte Mariz, que tinham o embate entre as ideologias. Hoje, com o palanque eletrônico através das campanhas pela televisão e rádio, com as regulamentações eleitorais, que de certa forma limitaram as campanhas e com a falta desse antagonismo entre as ideias, já que todos os candidatos tem a mesma postura de ataques direcionados à atual gestão, a campanha perde motivação.

Nominuto.com - Muitos candidatos citam a frustração com a atual gestão como uma das influências para a frieza do eleitor. Como o senhor avalia esta questão?

JS - Com certeza, a percepção do eleitor em relação a gestão municipal é um ponto chave para essa desmotivação. Diria que os eleitores estão ressabiados com as propostas. Há também a presença de um candidato com um número de intenção de votos muito alta e isso contribui para a falta de motivação.

Nominuto.com - A realização dos próximos debates pode alterar esse quadro de frieza?

JS - Olha, não é possível fazer uma previsão. Campanha é algo imprevisível, mas tudo pode acontecer. Agora, a tendência, pelo menos no plano atual, é a continuidade das intenções para o candidato que está na frente e, consequentemente, a continuidade de uma campanha morna, mas, caso ocorra fatos novos e isso é possível, a campanha pode tomar outro rumo.

Ariston Bruno/Nominuto.com
"Hoje, os nossos prefeitáveis, na maioria, têm se esforçado para trazer algo novo."

Nominuto.com - Como o senhor avalia nossos candidatos a prefeito?

JS - Não há um candidato carismático como foi o Lula, por exemplo, mas só carisma não ganha campanha. Hoje, os nossos prefeitáveis, na maioria, têm se esforçado para trazer algo novo. O candidato Carlos Eduardo vem com a proposta da continuidade e da experiência de sua gestão. Fernando Mineiro e Rogério Marinho são coerentes com suas linhas partidarias, o primeiro é mais voltado ao social e apresenta proposta ligadas a esquerda. O segundo traz a linha mais a direita. Hermano Morais é, também, coerente com a linha do PMDB, como os outros é um candidato propositivo. Robério e Roberto Lopes são mais críticos.

Nominuto.com - Como o senhor avalia o papel das redes sociais?

JS - Hoje, um candidato que se preze não pode se dar o luxo de desprezar o poder das redes sociais. Com certeza, em qualquer lugar do mundo, todos os políticos trabalham também nesta frente. Acredito que todos os candidatos possuem perfis no twitter, facebook e utilizam essas ferramentas como frente de campanha. A internet tem um poder de penetração, um poder multiplicador muito forte e não pode ser desprezado. Além disso, os eleitores ganharam voz e são hoje uma linha vigilante das ações dos gestores. Porém, o uso dessas ferramentas deve ser fiscalizado, porque tanto podem ser usadas para fins democráticos como para fins antidemocráticos.

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