LAGOA DE MONTANHAS

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domingo, 12 de agosto de 2012

CACHOEIRA LAVAVA DINHEIRO COM BILHETE PREMIADO

Chico de Gois é quem conta, no jornal O Globo:

Um documento encontrado no computador que foi apreendido na casa de Gleyb Ferreira da Cruz pela Polícia Federal, durante a Operação Monte Carlo, levanta suspeitas de que o bicheiro Carlinhos Cachoeira pode ter comprado um bilhete premiado da loteria federal dos Estados Unidos, no valor de US$ 1 milhão, pagando US$ 400 mil a menos. Para a Polícia Federal, se a informação for verdadeira — na conclusão do relatório, os agentes sugerem o aprofundamento das investigações —, crescem os indícios de que há um esquema de lavagem de dinheiro. Gleyb, homem de confiança de Cachoeira, é apontado como um dos laranjas da quadrilha do contraventor.

O documento analisado pela PF estava arquivado em um DVD com o título “instrumento de transferência e entrega de crédito”. O contrato, de 3 de dezembro de 2009, cita Cachoeira como comprador do bilhete número 11, série 32057080-11, da Mass Lotery, custodiado perante o Bank of America, na cidade de Framighan, em Massachusetts.

O intermediador do contrato teria sido Gleyb que, pela transação, teria recebido US$ 100 mil. A portadora do bilhete seria Eusa Clementino, brasileira residente em Framighan.

O relatório da Polícia Federal reforça a suspeita de que o bicheiro Carlinhos Cachoeira desenvolveu uma estratégia de evasão de divisas ao comprar um bilhete premiado na loteria federal dos Estados Unidos: “O entendimento da análise policial é o de que, caso se confirme a realização da transação de compra do bilhete premiado de loteria americana, há indícios de crime financeiro (evasão de divisas), uma vez que seriam recebidos US$ 1 milhão no exterior e, em contrapartida, depositados em contas nacionais US$ 600 mil convertidos em moeda nacional”, conclui o relatório.

Apesar de o bilhete valer US$ 1 milhão, a transação que teria sido efetuada entre as partes soma US$ 600 mil, pagos de forma parcelada. O contrato está assinado por Cachoeira; Giovani Pereira da Silva, contador do bicheiro e que está foragido; e Adriano Aprígio, ex-cunhado dele e apontado pela PF como seu testa de ferro.

No contrato, as partes concordariam que Cachoeira pagasse de diversas formas: “US$ 14.285,72 já pagos à vendedora”, o que sugere que a transação pode ter sido efetivada; outros US$ 85.714,28 “também já pagos à vendedora no ato da assinatura deste”, por meio de um cheque nominal a Marco Dihoni Fernandes Souza; mais US$ 342.864 que seriam pagos em 12 parcelas fixas, em depósitos em nome de Amarilia Soares Silva, numa agência do Banco Sicoob em Minas Gerais; além de outras transferências bancárias. Cachoeira também teria dado como garantia de pagamento um terreno no condomínio Alphaville Flamboyant, em Goiânia.

A parcela que teria como destinatário Marco Dihoni Fernandes de Souza, de US$ 85.714,28, chamou a atenção da PF porque ele consta como um dos principais destinatários de recursos saídos das contas de Geovani Pereira da Silva, considerado o operador financeiro de Cachoeira

Nos documentos em posse da CPI e na interceptação telefônica feita pela PF, há indícios de que o bicheiro tinha um esquema internacional, sobretudo nos EUA. Cachoeira costumava viajar frequentemente para Miami e Los Angeles e teria negociado a compra de um navio-cassino na Flórida.

O uso de bilhetes premiados para lavar dinheiro não é novidade. Em 1993, ao vir à tona o esquema dos "Anões do Orçamento", o então deputado João Alves (BA) disse que Deus o ajudava porque ele ganhara mais de 200 vezes na loteria. Por isso, tinha muito dinheiro. Na verdade, ele comprava bilhetes premiados.
 

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