O
macho noveleiro, mesmo com todas as mudanças de comportamento das
últimas décadas, ainda é motivo de piada entre os amigos de botequim.
Sério. Trata-se de uma figura discriminada.
Ah, fulaninho não chegou ainda porque está vendo a novela. No mínimo,
o macho mais empedernido, da linha macho-roots-jurubeba, pode até ver a
novela, mas não se assume noveleiro. Uma novela.
Pensando nesta oprimida categoria, cada vez mais minoritária depois
de “Avenida Brasil”, traçamos boas desculpas para este ser
testosterônico ver a novela numa boa, numa naice.
Os motivos abaixo também servem, independentemente de sexo, para os
supostos intelectuais ou “metidos a” que não se rendem aos dramalhões
televisivos:
1) Escrita por um grande leitor, o João Emanuel Carneiro, “Avenida
Brasil” é a mais literária de nossas novelas de todos os tempos.
2) Tem Balzac, Lima Barreto, Dostoievski, o suburbano coração de Nelson Rodrigues.
3) O conflito Carminha x Nina nada mais é do que a repetição turbinada do livro “O Primo Basílio” (1878), de Eça de Queiroz.
4) Você pode dizer, arrogante: Onde se lê Carminha x Nina, leia-se,
no velho Eça, Luisa e Juliana. Uma porrada na pequeno burguesia lusitana
do século XIX.
5) Quer um motivo mais pop, sem a solenidade literária? A sede de vingança entre Carminha x Nina lembra Kill Bill. Tá limpo.
6) Agora uma razão sociológica. Assim como Karl Marx disse que tudo
que sabia sobre a burguesia era graças a Balzac, você pode usar a
desculpa de aprender com a novela tudo sobre a nova classe C brasileira.
7) Você curte futebol e acha o Tufão (Murílio Benício) uma onda.
8) Você não quer ficar por fora no papo das mulheres nos bares ou na firma. Não se fala de outra coisa.
9) Você é de esquerda e acha o José de Abreu o máximo. Boa forma de interagir com ele no twitter.
10) “Avenida Brasil” devolveu à tevê a gostosa à moda antiga, mais cheinha, tipo flor do bairro. Vide Suelen (Isis Valverde).
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