O secretário estadual de Planejamento, Obery Rodrigues, apresentou em entrevista ao Jornal 96 os
números das despesas da administração do Rio Grande do Norte, afirmando
que, assim como há crescimento da receita, há a elevação das despesas, e
concluiu que o Estado vive no limite do equilíbrio.
Os números
apresentados pelo titular da Seplan indicam que o saldo positivo entre o
que entra de receitas e o que sai nas rubricas de despesas foi de R$
47,2 milhões ao fim de junho. Do valor, se deduzem ainda de 26 a 30
milhões de reais para custear as despesas consignadas em folha de
pagamento e mais R$ 9 milhões para debitar a parcela da dívida do Estado
ao início de cada mês, sobrando R$ 7 milhões, o chamado ponto de
equilíbrio.
Para entender a lógica orçamentária é preciso dividir
as despesas em dois grupos: as transferências constitucionais e o
custeio da máquina. Na primeira categoria, estão compreendidos os
repasses que a administração é obrigada pela Constituição Federal a
realizar. O segundo intem engloba as despesas essenciais ao
funcionamento do Estado.
Nos últimos meses, conforme o
noticiário, cresceu a arrecadação tributária do Rio Grande do Norte, mas
é justamente sobre os impostos que incidem a maior parte dos repasses
constitucionais, ou seja, também cresceu a obrigação da gestão estadual
em transferir mais dinheiro para os municípios.
Até junho desse
ano, como esperado, o carro-chefe da arrecadação, o ICMS*, somou 1,716
bilhão de reais. Outros tributos que engordaram os cofres foram: IRRF
(R$ 163 milhões), royalties (R$ 132 mi), IPVA (R$ 129 mi), ITCD (R$ 7,3
mi), IPI (R$ 1,6 mi), LC 87/94 – uma espécie de tributação à parte do
ICMS -, com R$ 2,6 mi e a dívida tributária (R$ 7,7 milhões).
A
todos esses valores se soma o Fundo de Participação dos Estados, que de
janeiro a junho registrou R$ 1,397 bilhão. Ao passar a régua, o governo
soma o classificado por Receitas do Tesouro, totalizando R$ 3,57
bilhões.
Do valor, 1,159 bilhão é deduzido em razão das
transferências constitucionais. O governo é obrigado a repassar 25% do
ICMS, 50% do IPVA e 25% do IPI aos municípios, alem da parte dos
royalties para as cidades produtoras e quase R$ milhões das
contrapartidas do Proadi. O maior impacto de despesa obrigatória é a
contribuição para o Fundeb, de 552 milhões de reais.
A diferença
entre a Receita do Tesouro (R$ 3,57 bilhões) e os repasses
constitucionais das fontes de arrecadação (R$ 1,159 bi) é chamada de
Receita Líquida (R$ 2,411 bilhões), que serve para o custeio da máquina.
A
folha de pagamento absorve do valor restante 996,8 milhões de reais.
Nesse valor não está enquadrado os gastos com o pessoal lotado na
Educação, estimados em R$ 287,2 mi. Só para os salários de seus
servidores, portanto, o Executivo despendeu R$ 1,284 bilhão, mais da
metade da receita líquida, conforme explicou Obery Rodrigues.
“Sobra
R$ 1,127 bilhão, mas não devemos esquecer os repasses que o Estado é
obrigado a fazer para manter os demais poderes”. Com efeito, o montante
destinado à Assembleia Legislativa (R$ 119 mi), Tribunal de Justiça (R$
299,3), Tribunal de Contas (R$ 21,7 mi), e Ministério Público (R$ 89,5)
arremata metade do valor: R$ 530,3 milhões.
Do que sobra, a
administração aplica em investimentos (R$ 82,2 mi) e o custeio das
pastas que integram a gestão (R$ 193,5 mi). O Estado ainda é obrigado a
pagar suas dívidas contratadas (R$ 155,6 mi) e os restos a pagar (R$
106,1 milhões).
Como se percebe, as despesas do Tesouro alcançam
R$ 2,362, que são debitados da receita restante após as transferências
constitucionais, de R$ 2,411 bi. A sobra – os R$ 47 milhões mencionados
no início do texto – ainda serve como reserva de contingência para
outros compromissos.
“Não é mentira que a arrecadação cresce a
cada mês. Na verdade, é natural que ela cresça, mas como se percebe, as
despesas crescem também proporcionalmente, e a gente só vê a divulgação
de que o Estado bate recordes de arrecadação tributária”, comentou Obery
Rodrigues.
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