A certidão de óbito do jornalista Vladimir Herzog (1937-1975) será
alterada. Por decisão judicial, divulgada ontem, a causa do óbito terá
uma nova explicação. Em vez de suicídio, estará escrito no documento: “A
morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do
II-Exército – SP (DOI-Codi)”.
O juiz Márcio Bonilha Filho, da Segunda Vara de Registros Públicos de
São Paulo, acatou um pedido da viúva de Herzog, Clarice, e da Comissão
Nacional da Verdade.
É o primeiro resultado prático obtido pelos membros do grupo formado
pela presidente Dilma Rousseff, que ontem se reuniu em São Paulo. O
juiz, em sua sentença, afirma que não acatar o pedido de mudança do
motivo da morte de Herzog é “prolongar o martírio da viúva e dos
familiares e afrontar a consciência pública nacional”.
No dia 25 de outubro de 1975, Vladimir Herzog morreu após uma sessão
de tortura. Ele compareceu de forma espontânea à sede do DOI-Codi, na
rua Tutóia, no bairro do Paraíso (zona sul).
Os agentes repressores, depois da morte do jornalista, armaram a cena
para simular um suicídio. Nota oficial do Exército, emitida logo após a
morte, confirmou, na época, que o próprio Herzog havia dado fim a sua
vida.
O episódio virou um símbolo na luta contra a ditadura militar. No dia
31 de outubro, 8.000 pessoas se reuniram na praça da Sé, centro de São
Paulo, em um ato ecumênico para lembrar a morte de Herzog, dias antes.
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