LAGOA DE MONTANHAS

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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

GEMEAS SIAMESAS NASCEM EN NATAL RN


Data: 26 setembro 2012 - Hora: 14:19 - Por: Portal JH
Elisvânia descobriu que as filhas eram gêmeas siamesas com 2 meses de gravidez. Foto: Mauricio Cuca
Um dos maiores desafios da medicina é saber como lidar com as cirurgias a serem feitas com o nascimento de gêmeos siameses. Unidas pelas nádegas, as gêmeas Ana Clara e Any Vitória, nascidas há 14 dias no Hospital Antônio Prudente, em Natal, aguardam pelo momento ideal para passar pela cirurgia de separação. Segundo informações do neurocirurgião que cuida do quadro clínico das meninas, apesar desse ser um dos casos mais simples de risco cirúrgico em gêmeos siameses, a cirurgia é um pouco delicada e depende do desenvolvimento dos bebês, que devem atingir a idade mínima de oito meses.
As meninas representam o primeiro acontecimento relatado de gêmeos siameses Pigópagos no Brasil e o terceiro no mundo. O tipo Pigópagos de siameses constitui na união dos bebês pelo cóccix, estrutura óssea localizada abaixo do sacro, sendo o último segmento da coluna vertebral. “Nós damos a classificação dos siameses de acordo com a parte do corpo que foi colada. Quando é o sacro, que é esse osso localizado na bacia, chama-se Pigópagos”, explica o neurocirurgião Ângelo Raimundo da Silva.
A formação dos gêmeos siameses é monozigótica, formados pelo mesmo zigoto. “Com a fecundação do espermatozóide e do óvulo, forma-se o embrião. Porém, com os gêmeos siameses, é como se o embrião quisesse gerar gêmeos, mas o disco embrionário não consegue se dividir por completo, produzindo gêmeos que estarão ligados por uma parte do corpo”, disse o médico.
Segundo Dr. Ângelo, o fato das meninas serem muito saudáveis pode ocasionar um “problema cirúrgico”. “As duas crianças estão muito bem de saúde e o que mais nos preocupa é que elas não têm déficit neurológico. E isso traz ainda mais responsabilidade para a futura equipe que irá operar. Poucas pessoas operaram esses casos no mundo. Na literatura médica do Brasil, não há nenhum relato”, disse o neurocirurgião, apontando que em Natal não há equipe médica nem hospital especializado para realizar a cirurgia das meninas.
A fase inicial da pré-cirurgia é permitir que as crianças cresçam, pois, de acordo com o médico, “elas não aguentam uma cirurgia nessa idade, porque a perda sanguínea é muito grande”. Os poucos casos operados no mundo foram realizados com os bebês entre o oitavo e o nono mês. Apenas um caso na Inglaterra em que a cirurgia foi feita durante o terceiro mês de nascimento. “O ideal é que as crianças cresçam, sejam bem amamentadas e ganhem peso”, disse Dr. Ângelo.
Elisvânia Costa, mãe das gêmeas, disse que vai permitir que a cirurgia de separação seja feita nas crianças. “Descobri a situação das minhas filhas ainda no segundo mês de gestação, quando fui fazer a primeira ultrassonografia. Eu e meu marido aceitamos normalmente e queremos que elas sejam separadas para que elas possam ter uma vida mais confortável”, disse.
De acordo com Elisvânia, que veio de Alto do Rodrigues para realizar o parto em Natal, Ana Clara e Ana Vitória já estão passando pelos primeiros exames que deverão comprovar a possibilidade cirúrgica nas filhas. “Tenho outra filha de quatro anos que é apaixonada pelas meninas e não vê a hora de vê-las brincando, sem nenhum problema. Venho vivendo exclusivamente para os meus bebês e sei que vamos conseguir proporcionar um futuro mais confortável para elas”, afirmou.
Dificuldades cirúrgicas
O neurocirurgião Ângelo Raimundo disse que a possibilidade da cirurgia ser realizada com sucesso é grande, desde que seja feita com uma equipe multidisciplinada. “Infelizmente o Hospital Universitário de Natal não tem UTI pediátrica, o estado não possui um hospital pediátrico e vive em calamidade pública. A única UTI pediátrica é no Hospital Maria Alice, que não tem condições de realizar uma cirurgia deste tipo”, disse.
Segundo o médico, há uma perspectiva de no próximo ano ter uma UTI pediátrica no Hospital Onofre Lopes. “Seria, talvez, uma opção ideal para fazer a cirurgia das meninas. Mas a primeira dificuldade é que a cirurgia precisa de dois anestesistas e um cirurgião pediátrico, já que terá que separar o ânus e reconstituir em ambos os bebês. Além de ter que separar nervos por nervos, uma vez que as medulas espinhais delas se unem no sacro, onde existem nervos para as pernas, bexigas e ânus”, explica.
Outra dificuldade apontada pelo médico é saber como e onde a cirurgia será feita. “Embora a gente veja que não temos condições de realizar a cirurgia aqui, temos contato em São Paulo, com médicos especializados. Mas eu posso garantir que ninguém no Brasil tem experiência nesse caso. Será inédito. Quem pegar o caso deverá ter planejamento cirúrgico baseado em casos internacionais”, disse.

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