LAGOA DE MONTANHAS

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quinta-feira, 19 de julho de 2012

A EDUCAÇÃO E O PIB

É um dado apenas, mas a maior biblioteca do mundo é a biblioteca do Congresso Nacional americano que fica em Washington, DC, nos Estados Unidos. Ela foi fundada em 1800. Mas se ela é a maior biblioteca dos Estados Unidos não é a primeira biblioteca daquele país.


Em todo caso, e como dado comparativo, é bom saber que a nossa primeira biblioteca, no Brasil, só "chegou" por aqui em 1808 com a vinda da familia real portuguesa quando da invasão em Portugal das tropas francesas napoleônicas. Ou seja, devemos a nossa primeira biblioteca a Napoleão Bonaparte. Por mais de 300 anos ficamos sem conhecer biblioteca, mesmo sendo Portugal um país europeu, já tendo havido o renascimento na Europa, as primeiras grandes descobertas cientificas incluindo a prensa móvel de Gutemberg (na Biblioteca do Congresso americano se encontra uma das raras Bíblias impressa por Gutemberg), a revolução francesa, o iluminismo etc.

Esses dados mostram com uma lupa considerável, o tamanho do nosso atraso e o descaso com que o conhecimento e a educação sempre tiveram em nosso "mundo" coletivo e individual. Somos filhos da Contra-Reforma, o período mais negro da igreja católica apostólica e romana, com sua ideia contraria a tudo que cheirasse a reforma, democracia, progresso e educação laica. Um desastre.

Herdamos dos portugueses a noção de burocracia (lembram-se de Hélio Beltrão, o ministro da desburocratização? Só no Brasil para se criar um Ministério para desburocratizar os outros. Pode isso?), um Estado invasor e controlador da vida privada e outras sangrias. Mas parece que adoramos isso.

Nunca o slogan "o passado nos condena" se mostrou tão verdadeiro e real em nossa carga genética e cultural. Romper com esse passado é que é o difícil. É incrível. Bom, mas fiquei pensando nessas questões todas depois de me deparar com a frase da nossa presidente Dilma na Conferencia Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, quando disse: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e para seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto, é a capacidade do país, do governo e da sociedade de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são suas crianças e adolescentes". Uma bela frase sem dúvida e quem pode desmenti-la? Mas o que o seu governo está fazendo de concreto para diminuir esse estado de coisas que ela mesma aponta? Será que a presidenta não saiu do palanque?

A questão não é o que o que se diz e sim o que se faz. E o que estamos vendo por todos esses séculos de descobrimento não passa de desrespeito e descaso permanente ao conhecimento e a educação, portanto, ao nosso futuro. Incrível que tenha sido um judeu filho de um industrial, Stefan Zweig, quem escreveu o livro que quase consagra o país: "Brasil, o país do futuro" em 1941. Jesus. O interessante é que Zweig se suicidou exatamente no Brasil merecendo uma biografia de outro judeu, esse carioca Alberto Dines, intitulada "Morte no paraíso, a tragédia de Stefan Zweig".

Somos um país aprisionado por um passado, sem entendê-lo e como consequência condenado a um sem futuro. Mas se quiseres uma fotografia três por quatro do nosso "futuro" basta entrar em qualquer biblioteca pública aqui mesmo do nosso município ou do nosso Estado. Teremos eleições para prefeito agora este ano, qual deles está preocupado com o nosso futuro? Será que teremos apenas promessas de campanha?

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