É um dado apenas, mas a maior biblioteca do mundo é a biblioteca do
Congresso Nacional americano que fica em Washington, DC, nos Estados
Unidos. Ela foi fundada em 1800. Mas se ela é a maior biblioteca dos
Estados Unidos não é a primeira biblioteca daquele país.
Em todo caso, e como dado comparativo, é bom saber que a nossa primeira
biblioteca, no Brasil, só "chegou" por aqui em 1808 com a vinda da
familia real portuguesa quando da invasão em Portugal das tropas
francesas napoleônicas. Ou seja, devemos a nossa primeira biblioteca a
Napoleão Bonaparte. Por mais de 300 anos ficamos sem conhecer
biblioteca, mesmo sendo Portugal um país europeu, já tendo havido o
renascimento na Europa, as primeiras grandes descobertas cientificas
incluindo a prensa móvel de Gutemberg (na Biblioteca do Congresso
americano se encontra uma das raras Bíblias impressa por Gutemberg), a
revolução francesa, o iluminismo etc.
Esses dados mostram com uma lupa considerável, o tamanho do nosso atraso
e o descaso com que o conhecimento e a educação sempre tiveram em nosso
"mundo" coletivo e individual. Somos filhos da Contra-Reforma, o
período mais negro da igreja católica apostólica e romana, com sua ideia
contraria a tudo que cheirasse a reforma, democracia, progresso e
educação laica. Um desastre.
Herdamos dos portugueses a noção de burocracia (lembram-se de Hélio
Beltrão, o ministro da desburocratização? Só no Brasil para se criar um
Ministério para desburocratizar os outros. Pode isso?), um Estado
invasor e controlador da vida privada e outras sangrias. Mas parece que
adoramos isso.
Nunca o slogan "o passado nos condena" se mostrou tão verdadeiro e real
em nossa carga genética e cultural. Romper com esse passado é que é o
difícil. É incrível. Bom, mas fiquei pensando nessas questões todas
depois de me deparar com a frase da nossa presidente Dilma na
Conferencia Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, quando
disse: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas
crianças e para seus adolescentes. Não é o Produto Interno Bruto, é a
capacidade do país, do governo e da sociedade de proteger o que é o seu
presente e o seu futuro, que são suas crianças e adolescentes". Uma bela
frase sem dúvida e quem pode desmenti-la? Mas o que o seu governo está
fazendo de concreto para diminuir esse estado de coisas que ela mesma
aponta? Será que a presidenta não saiu do palanque?
A questão não é o que o que se diz e sim o que se faz. E o que estamos
vendo por todos esses séculos de descobrimento não passa de desrespeito e
descaso permanente ao conhecimento e a educação, portanto, ao nosso
futuro. Incrível que tenha sido um judeu filho de um industrial, Stefan
Zweig, quem escreveu o livro que quase consagra o país: "Brasil, o país
do futuro" em 1941. Jesus. O interessante é que Zweig se suicidou
exatamente no Brasil merecendo uma biografia de outro judeu, esse
carioca Alberto Dines, intitulada "Morte no paraíso, a tragédia de
Stefan Zweig".
Somos um país aprisionado por um passado, sem entendê-lo e como
consequência condenado a um sem futuro. Mas se quiseres uma fotografia
três por quatro do nosso "futuro" basta entrar em qualquer biblioteca
pública aqui mesmo do nosso município ou do nosso Estado. Teremos
eleições para prefeito agora este ano, qual deles está preocupado com o
nosso futuro? Será que teremos apenas promessas de campanha?
Nenhum comentário:
Postar um comentário