A Secretaria Municipal de Educação desistiu de dispensar parte dos
professores contratados para substituições temporárias nas escolas e
centros municipais de Educação. Dos 311, 160 seriam "descartados". Ao
invés disso, o titular da SME, Walter Fonseca, pediu ao Instituto de
Previdência dos Servidores do Município de Natal (Natalprev) uma revisão
em todos os procedimentos de licença de saúde. O intuito é reavaliar o
quadro de saúde de cada um e verificar os que têm condições de retornar
às salas de aula.
Ontem pela manhã, em entrevista à TRIBUNA DO
NORTE, o titular da SME, Walter Fonseca, afirmou que "há excesso de
licenças médicas na rede" e que "o alto número de licenças exige a
manutenção dos contratos com os professores temporários". "Vamos manter
os professores porque os alunos não tem culpa de estar havendo excesso
de licenças médicas", avisou o titular da SME.
Segundo dados do
Natalprev, atualmente, 517 professores estão afastados por algum motivo
de saúde, o que significa de 15,8% dos 3.500 titulares do quadro
funcional da SME. "Pedimos ao Natalprev", afirmou o titular da SME, "que
haja mais critério e mais rigidez na avaliação do servidor e no aceite
dessas licenças". O intuito da SME é reduzir o número professores
titulares licenciados e reconduzi-los à sala de aula.
Segundo
declarações do próprio secretário dadas, na última terça-feira, 5, o
corte de parte dos professores temporários seria para diminuir os custos
da folha de pagamento de pessoal do Executivo Municipal. Ontem, o
secretário negou essa intenção. "No caso da SME", afirmou Fonseca, "a
contenção de despesas será feita com o corte no número de terceirizados
nas áreas de apoio [vigilância, limpeza e cozinha]".
O secretário
disse que ainda não há números de quantos serão cortados porque os
levantamentos ainda estão sendo feitos pelas unidades escolares. A
decisão de cortar os professores temporários foi revista depois que os
diretores das Escolas e CMEIs informaram a incapacidade da manutenção
das aulas com uma redução do número de docentes. Os dirigentes se
recusaram a enviar listagem dos professores temporários que poderiam ser
"descartados", uma solicitação feita pela SME na segunda, 4.
Nova Perícia
Procurado
pela TRIBUNA DO NORTE, o presidente do Natalprev, Sylvio Eugênio de
Araújo Medeiros, explicou que já estava no planejamento do Instituto
realizar uma nova perícia entre os servidores licenciados, devido a
atualização, em março desse ano, da Lei Complementar 63/2005, que
normatiza todos os benefícios previdenciários. Segundo Sylvio Eugênio,
diante do pedido da SME o trabalho será iniciado pelos professores
licenciados.
"Se temos um gestor que nos aponta indícios de
problemas", disse Sylvio Eugênio, "temos que tomar uma atitude técnica
de averiguação. Espero que não esteja havendo excesso, mas se houver
serão contidos". Ele preferiu não fazer juízo de valor. "Só posso
afirmar algo concreto quando a nova perícia for concluída", ponderou.
Segundo ele, a convocação dos professores e, na sequência, dos demais
servidores será feita pelo Diário oficial do Município.
Ao ser
atualizada, a LC 63/2005 incluiu o benefício do auxílio-doença, de
acordo com a prática previdenciária no Brasil. Até então, ao adoecer o
servidor municipal continuava recebendo de forma integral pela folha do
Executivo Municipal. Agora, com um afastamento igual ou superior a 15
dias (cumulativos no intervalo de 12 meses), os custos do servidor
passam a ser da previdência municipal, daí porque a necessidade -
segundo Sylvio Eugênio - dessas novas perícias.
"O intuito dessa
nova perícia", disse ele, "é avaliar e encontrar a melhor situação que
pode ser colocada para o servidor para que continue desempenhando função
no quadro funcional. Se não for possível mais retomar suas atividades,
mesmo em outro setor [com readaptação de função], que seja encaminhado
para a aposentadoria por invalidez". Sylvio disse que o Natalprev está
se organizando para esse trabalho, inclusive fazendo a qualificação dos
profissionais da Junta Médica e implantação de fluxo processual
específico e um novo trâmite burocrático-administrativo.
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