LAGOA DE MONTANHAS

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sábado, 26 de janeiro de 2013

ADVOGADO ASSUME HOSPITAL WALFREDO GURGEL

Data: 25 janeiro 2013 - Hora: 18:00 - Por: Roberto Campello

Superlotação, desabastecimento, falta de leitos de UTI e déficit de profissionais são alguns dos problemas. Foto: José Aldenir
O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel passa por uma das maiores crises dos últimos anos. Problemas de superlotação, com pacientes espalhados pelos corredores, em cadeiras, macas e, por vezes, no chão. O constante desabastecimento da farmácia, que chegou a ter apenas 26% do necessário, e falta de insumos é constante, o que tem ocasionado por diversas vezes o fechamento da UTI Cardiológica. Diariamente, os médicos denunciam a falta de leitos de UTI e tornou-se comum pacientes judicializarem ações para tentar conseguir vaga, motivo que afastou os dois últimos diretores da unidade. Além disso, a falta de profissionais tem comprometido o cumprimento da escala médica. É em meio a esse cenário de crise, que o advogado Marcondes Diógenes de Souza Paiva assume a direção geral do maior hospital de urgência e emergência do Rio Grande do Norte. A posse do novo diretor deve acontecer na próxima semana, mas o Governo do Estado ainda não definiu a data.
A governadora Rosalba Ciarlini anunciou, na tarde desta quinta-feira (24), o nome do advogado Marcondes Diógenes, que recentemente foi o interventor da Associação Marca à frente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Pajuçara e nos três Ambulatórios Médico Especializados (AMEs) de Natal. Ele administrou as unidades durante seis meses. “Firmamos um contrato e será uma experiência inicial de seis meses, onde vamos trabalhar com metas e resultados”, disse Rosalba. O advogado assume a direção do Hospital Walfredo Gurgel com a missão de levar à unidade um “novo momento”.
Durante o anúncio do nome do novo diretor do Hospital Walfredo Gurgel, a governadora afirmou que “o novo gestor foi contratado para gestão onde colocamos como prioridade resultados. Será um período inicial de seis meses”, disse a governadora. Rosalba Ciarlini ressaltou que ele já tem experiência administrativa, amplo conhecimento em administração hospitalar. “Esperamos, realmente, que dê resultados. Até porque grande parte dos problemas do Walfredo é questão de gestão”, destacou.
A governadora não quis responsabilizar as gestões passadas da unidade de saúde pelos problemas de superlotação. “Aqueles que estiveram à frente do Walfredo Gurgel até por sobrecarga, porque eram médicos que tinham que se dedicarem a outras atividades, não tiveram condição de, realmente, dar o melhor resultado”, observou a governadora, reconhecendo que na unidade há carências “em função da superlotação”. “Mas nada disso justifica e vamos fazer o novo momento, nova gestão, cobrar resultados porque nosso objetivo é a população”, completou.
O secretário estadual de Saúde Pública, Isaú Gerino Vilela, explicou que a escolha pelo nome do advogado Marcondes Diógenes se deu pelo “excelente” trabalho desenvolvido como interventor à frente da UPA do Pajuçara e dos três AMEs. O secretário rebateu as críticas pelo fato de o nome diretor geral do Walfredo ser um advogado. “O fato de ele ser um advogado não quer dizer nada. O Ministério da Saúde preconiza que apenas o diretor médico e o técnico que tem que ser médico. O diretor geral tem que saber administrar e o trabalho desenvolvido na UPA e nos AMEs mostra que ele tem respaldo e experiência para resolver os problemas do Walfredo Gurgel. O  novo diretor ficará por um prazo de seis meses, podendo ser renovado por mais seis meses, e será avaliado para ver se está atendendo os anseios da população e do governo, mas acreditamos que dará certo”, afirmou o secretário Isaú Gerino Vilela.
Apesar dos problemas a serem enfrentados, o advogado Marcondes Diógenes assume a direção do Hospital Walfredo Gurgel em um momento de mudanças. Após o fim do Estado de Calamidade da Saúde Pública, que durou seis meses e não conseguiu acabar com o desabastecimento e a superlotação do hospital, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel entra em uma nova fase. O apoiador do SOS Emergência, programa do Governo Federal de apoio aos hospitais de urgência e emergência, o enfermeiro Marcelo Bessa, começou as atividades desde o dia 2 de fevereiro, que devem culminar com a criação do Setor de Classificação de Risco na porta de entrada do Hospital nos próximos meses. Além disso, pelo programa, o Hospital recebe, mensalmente, R$ 650 mil para compras de medicamentos, insumos, equipamentos e outras finalidades.
Um grande problema do Hospital Walfredo Gurgel, a ambulâncioterapia deve acabar, ou pelo menos diminuir, na teoria, nos próximos meses. Isto porque dentro do Plano de Enfrentamento para os Serviços de Urgência e Emergência do Rio Grande do Norte, mais de 13 hospitais regionais estão passando por reformas, a fim de garantir a assistência dos pacientes em municípios pólos, sem que eles precisem se deslocar para Natal.
A governadora Rosalba Ciarlini disse que parte da superlotação se deve porque das quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPA), apenas a do Pajuçara está em funcionamento. A UPA de Cidade da Esperança, que tem capacidade para 800 atendimentos, está pronta, mas não está funcionando. “Queremos somar esforços para que a UPA de Cidade da Esperança possa funcionar e que as outras duas possam ser construídas, para que o município possa dar resposta dentro da sua obrigação, que é a baixa e média complexidade, e o Estado, com a alta complexidade”, afirmou a governadora Rosalba Ciarlini.
A falta de leitos clínicos do Hospital, diante da alta demanda, também é um problema a ser combatido. A criação de mais de 100 leitos de retaguarda clínica nos hospitais da Polícia, Ruy Pereira dos Santos e no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol). Além disso, mais 30 leitos de retaguarda clínica devem surgir no Hospital João Machado, que passa por uma reforma.
A ex-diretora geral do Walfredo Gurgel, Fátima Pinheiro, que tem mais de 25 anos de atuação como plantonista do Pronto-Socorro Clóvis Sarinho, assumiu a direção geral do Walfredo Gurgel no dia 23 de junho do ano passado. Médica especialista em cirurgia geral, ela conta que o problema do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel não é de gestão.
“O caos que recebi o Walfredo Gurgel seria impossível resolver todos os problemas em apenas seis meses. Mas tenho certeza absoluta de que a partir de agora as coisas vão começar a acontecer e se resolver, e me sinto triste em saber que estou saindo em um momento de mudança no Walfredo Gurgel, principalmente com a presença do SOS Emergências dentro do Hospital. Saio com o sentimento de dever cumprido, pois fiz tudo que estava ao meu alcance. O que não fiz era porque não era de minha responsabilidade”, destacou a médica Fátima Pinheiro.
O novo diretor do Walfredo Gurgel terá um orçamento de R$ 1,150 milhão por mês para administrar. São R$ 100 mil do Governo do Estado, R$ 400 mil da produtividade do Walfredo e R$ 650 mil do Governo Federal, oriundos do SOS Emergência. No entanto, a diretora Fátima Pinheiro conta que esses recursos nem sempre tem o repasse regular. “O Walfredo Gurgel tem autonomia orçamentária, mas os recursos precisam vir e isso não estava acontecendo, o que dificulta a gestão do Hospital, mas o secretário garantiu que a partir de janeiro a produtividade do Walfredo vai passar a chegar regularmente”, afirmou a diretora.

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