Embora estivesse oficialmente afastado havia décadas do dia a dia da Nasa, Armstrong jamais deixou de se importar com o que acontecia por lá.
Quando do recente cancelamento do Projeto Constellation, que pretendia levar homens à Lua mais uma vez depois das históricas missões Apollo das quais Neil foi o máximo protagonista, o ex-astronauta manifestou diversas vezes, através de cartas publicadas na imprensa, seu temor pelos rumos do programa.
Foi o presidente Barack Obama que decidiu cancelar os ambiciosos - e subfinanciados - planos lunares, em favor de uma estratégia que privilegiasse os então incipientes esforços de transporte espacial comercial.
Mas é evidente que a principal contribuição de Armstrong ao mundo - e não só aos EUA - foi o "pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade", dado ao pé da escada do módulo lunar Eagle, da missão Apollo 11, em 20 de julho de 1969.
Apesar da frase eloquente - que Armstrong jura ter sido pensada durante o trajeto para a Lua, sem combinação prévia com a Nasa -, o comandante da mais famosa missão espacial da história era um sujeito frio e profissional.
Nunca se vangloriou de sua primazia e, como declarou sua família após sua morte, foi um "heroi americano relutante, que sempre acreditou estar apenas fazendo seu trabalho".
Divulgação/Nasa | ||
O astronauta Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na lua, em foto tirada pelo seu colega Edwin "Buzz" Aldrin |
Armstrong lidou com isso com a frieza de um aviador e astronauta experiente, que já havia passado por apertos no espaço. Ironicamente, essa característica dele também foi o que lhe garantiu o nome na história.
Além de ser o mais preparado para pilotar a descida do módulo lunar pela primeira vez (Armstrong precisou desviar de última hora de uma região acidentada do solo lunar e realizou a alunissagem com apenas 25 segundos de combustível remanescente), seu espírito prático também impediu que seu colega Buzz Aldrin fosse o primeiro a marcar pegadas no satélite natural da Terra.
Buzz estava muito mais ansioso para ser o primeiro, mas, pela configuração do módulo lunar, Armstrong é que ficava mais perto da escotilha e uma inversão de posições seria complicada demais para que caprichos individuais pudessem ditá-la.
Assim como Yuri Gagarin (por parte dos russos), Armstrong foi escolhido a dedo pelo governo americano para representar seu país como símbolo máximo de seu programa espacial.
Competente, discreto e conduzindo uma vida longe da mídia, Armstrong quase terminou seus dias sem deixar uma biografia autorizada - coube ao historiador James Hansen, da Universidade Auburn, em Alabama, convencê-lo de que o texto do livro privilegiaria os aspectos técnicos de suas contribuições ao mundo para que Neil concordasse. A obra, "First Man", foi publicada em 2005. Mas, dois anos antes, os direitos de adaptá-la para o cinema já haviam sido comprados por Clint Eastwood.
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