Na equação que pretende ter como
resultado uma educação de qualidade não há espaço para fórmulas mágicas.
Ainda que o alto desempenho educacional esteja relacionado a uma série
de variáveis, a remuneração adequada de professores precisa fazer parte
da conta. É o que dizem especialistas e pode ser visto no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Estados com professores mais
bem remunerados tiveram performance melhor na avaliação do Ministério da
Educação.
Entre os estados do Brasil, o Rio está
apenas em 12 lugar na lista dos que remuneram melhor os professores do
ensino fundamental. Com rendimento bruto médio de R$ 1.478, os docentes
do Rio ganham menos da metade do que os seus colegas do Distrito
Federal. A comparação foi feita com dados colhidos pelo IBGE, no Censo
2010, que incluem as redes pública e privada. As informações foram
fornecidas em entrevistas pelos próprios professores.
De alguma forma, a lógica da remuneração
reflete-se no desempenho do ensino. Do 1 ao 5 ano do ensino
fundamental, o Rio ocupa a 8 posição no ranking do Ideb, considerando as
redes pública e privada. Em seis dos estados à frente do Rio, a
remuneração dos docentes é melhor do que a existente aqui.
Nos anos finais - do 6 ao 9 ano, a
tendência se repete. O Rio está na 7 posição no ranking das notas do
Ideb. Nesse caso, cinco dos estados à frente do Rio pagam melhor seus
docentes.
- Existe uma relação positiva entre o
salário do professor e o desempenho dos alunos. Escolas, municípios ou
estados que pagam mais acabam atraindo os melhores professores. Além
disso, quanto maior o salário, a tendência é de que o professor fique
mais motivado - diz Rodrigo Leandro de Moura, professor de economia da
Fundação Getúlio Vargas.
'Há uma noção negativa da carreira'
Professor da Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo (USP), Ocimar Munhoz Alavarse acredita que
baixos salários não devem servir de desculpa para resultados ruins na
educação. Ainda sim, o professor afirma que é preciso melhorar a
qualidade da remuneração dos docentes brasileiros.
- A média do salário dos professores no
Brasil não é alta. E a variabilidade é muito grande. No país, há uma
noção negativa da carreira. O jovem pensa e constata que, fazendo cursos
com dificuldade semelhante ao de Pedagogia, por exemplo, pode ganhar
mais. Isso pesa - diz.
Ocimar também destaca que há outros
componentes relacionados ao desempenho dos alunos, como a estrutura das
escolas, o apoio dado aos profissionais, além das condições
socioeconômicas dos próprios estudantes.
O secretário de Assuntos Educacionais da
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno
Araújo, destaca a importância da remuneração.
- Os baixos salários afastam os bons
profissionais da educação e fazem com que os jovens não procurem a
carreira. Se continuarmos assim, teremos um apagão de professores. Vão
faltar professores em certas disciplinas. Qual jovem vai querer passar
quatro anos estudando para ter uma profissão com baixos salários? -
questiona Araújo.
Como é a situação no Rio
Cidades do Rio - As dez cidades de maior
Produto Interno Bruto do estado não tiveram notas expressivas no Ideb,
comparando as redes municipais do estado do Rio.
Maiores - Rio (R$ 1.954) e Petrópolis
(R$ 1.622) são as que apresentam a melhor média de salário para
professores do ensino fundamental, segundo o IBGE.
Menores - Já São Gonçalo (R$ 1.014) e
Nova Iguaçu (R$ 1.014) são os municípios que têm a pior média salarial
entre os municípios mais ricos.
Brasil - Ainda segundo o IBGE, o salário médio do professor de ensino fundamental no país é de R$ 1.375.
Piso - O governo federal fixa um piso salarial para os professores, que, neste ano, foi reajustado para R$ 1.451.
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