A CPI mista (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga
relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com empresas e políticos
quebrou, nesta terça-feira (29), os sigilos bancário e fiscal da
construtora Delta em todo o país que, segundo investigações da Polícia
Federal, teria o contraventor como sócio oculto. O presidente da
comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), decidiu também adiar a
decisão sobre depoimentos de governadores.
Envolvido com Cachoeira, o ex-diretor da Delta para o Centro-Oeste
Claudio Abreu tinha autorização da cúpula da empresa para operar contas
nacionais da construtora, segundo as investigações. A Delta teria
fortalecido laços políticos para se beneficiar de contratos, em especial
em Goiás, na gestão de Marconi Perillo (PSDB).
Os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), também foram citados em conversas de
aliados de Cachoeira. De acordo com Vital, a assessoria técnica da CPI
vai decidir se é possível convocar essas autoridades e dará uma resposta
até 5 de junho.
As operações Vegas e Monte Carlo, da PF, indicaram que a Delta passou
dinheiro a empresas fantasmas de Cachoeira. A construtora trabalhou com
verbas de governos estaduais e foi uma das principais vencedoras de
obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do Palácio do
Planalto. Parlamentares estimam que os repasses desse tipo podem ter
superado os R$ 50 milhões. As investigações não confirmam esses dados.
Mais cedo, os aliados do governo Dilma ampliaram o domínio sobre a
direção da CPI do Cachoeira após a eleição do deputado Paulo Teixeira
(PT-SP) a vice-presidente da comissão. Ele venceu o senador Pedro Taques
(PDT-MT) por 21 a 8. Houve ainda dois votos nulos.
O presidente da comissão passou mais de um mês sem eleger alguém que o
substitua em eventualidades. O relator, deputado Odair Cunha (PT-MG),
ainda não cogita indicar subrelatores, o que poderia dar espaço aos
oposicionistas.
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