LAGOA DE MONTANHAS

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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

MILITARES BRASILEIROS FORAM CUMPLICES DO GOLPE CONTRA ALLENDE

Documento descoberto no Arquivo Nacional traz esta revelação...
Um documento descoberto agora no Arquivo Nacional (graças à Lei do Acesso, que pôs fim ao sigilo eterno) e trazido a público pelo repórter Alex Rodrigues, da Agência Brasil, informa que meses antes das eleições presidenciais chilenas de 1970 os militares brasileiros já previam que as FFAAs reagirião a uma eventual vitória de Salvador Allende, como de fato aconteceu em 1973.
Os documentos que estão vindo e continuarão a vir à tona só comprovarão a participação e o apoio da ditadura brasileira ao golpe militar no Chile, promovido pelos Estados Unidos e que o apoiaram abertamente. Está tudo documentado nos arquivos abertos, lá como aqui, agora. A diferença é que aqui, ao contrário do que aconteceu lá e d os demais países latino-americanos, os militares ficaram impunes até agora. E continuam a buscar a eternização da impunidade.
Outro ponto importante a notar na atualidade é que os EUA, a direita, os militares e a mídia conservadora não estão parados. Continuam se articulando para derrubar governos eleitos democraticamente que não se submetem aos seus interesses, como acabamos de assistir em Honduras e no Paraguai. Agora com novos métodos. Como tentaram aqui em 2005 e não conseguiram.
E sempre também com o apoio da mídia conservadora do continente. Que – não devemos nos esquecer jamais – apoiou de forma entusiástica o golpe sangrento de Pinochet, assim como o golpe civil-militar aqui no Brasil, em 1964. São os dois braços dos interesses dominantes: o braço armado e o braço midiático.
O que diz o documento
A presença do Chile socialista na OEA, diz o documento, era vista como ameaça à segu rança continental. Nesse documento – um dos milhares elaborados pelo Estado Maior das Forças Armadas (EMFA), extinto com a criação do Ministério da Defesa – confirma, assim, que a situação política interna do Chile ocupava a atenção dos militares e diplomatas brasileiros desde antes de Allende chegar ao poder pelo voto popular.
Os militares e diplomatas alegavam temer pela segurança da embaixada e dos representantes brasileiros que trabalhavam no país vizinho, onde a tensão política aumentava na medida em que cresciam as chances de ser eleito e empossado democraticamente um primeiro presidente socialista no continente.
“A situação (chilena) é muito grave face à conjuntura mundial e, principalmente, a da América Latina, se considerarmos os rumos que poderá tomar em setembro próximo, por ocasião das eleições presidenciais chilenas”, pondera o então cel. Luiz José Torres Marques. No documento, o cel. relata a superiores u ma reunião realizada na embaixada brasileira no Chile, em maio de 1970, e da qual participaram todos os secretários e adidos militares da representação, além do embaixador Antÿnio Cândido da Câmara Canto. Este, depois de 1973, revelou-se notório colaborador do regime de Pinochet.
No documento esse cel. afirma que o candidato do Partido Nacional, o empresário e ex-presidente da República Jorge Alessandri (1958/1964), “um homem austero e digno”, era o preferido da “classe mais elevada da população chilena e daqueles que não desejam ver o comunismo implantado no país”. Para o brasileiro, se Alessandri vencesse as eleições por maioria absoluta, o Chile “continuaria com um governo democrático”.
O coronel, contudo, não descartava nem a hipótese de Alessandri vencer por maioria relativa e o Congresso acabar referendando a vitória de Allende, nem a de o socialista vencer por maioria relativa e terminar empossado. Em ambos os ca sos, concluía Marques, as prováveis consequências seriam as mesmas: a eclosão de um movimento militar a fim de impedir Allende de governar.
O cel. se queixa, ainda, que os representantes diplomáticos brasileiros em Santiago viviam em clima de insegurança e desconforto, que ele atribuia à presença de milhares de refugiados brasileiros que buscaram asilo político no Chile após o golpe militar de 1964 .

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