O Governo do Estado do Rio Grande do Norte estuda decretar a situação de
emergência para 139 municípios em virtude da escassez de chuvas. De
acordo com dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn), o
quadro de estiagem, já constatado no mês de março, pode trazer
conseqüências perigosas para o interior do RN caso se mantenha durante o
mês de abril. Os municípios se reuniram e, juntamente com Secretaria de
Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape), elaboraram um
documento em que embasam o pedido para a decretação da situação de
emergência.
De acordo com o documento, as chuvas ocorridas em
janeiro e fevereiro de 2012 foram consideradas de baixo volume. Em
março, a situação voltou a ocorrer. A ocorrência de chuvas foi
considerada abaixo do normal, configurando-se um quadro de "seca", "com
sérias consequências negativas para a atividade rural do Estado, que tem
na agricultura de sequeiro e na pecuária, as principais fontes de
geração de renda e de ocupação da mão-de-obra campesina".
Segundo
o informado, são 139 municípios que apresentaram situação de chuvas
abaixo do normal, todos localizados na região semiárida do Estado. Para
as autoridades, "a situação vivencial tende a se agravar à medida que se
amplia a escassez hídrica no campo". Conforme o documento entregue à
governadora Rosalba Ciarlini, intitulado de "Situação Agroclimática do
Rio Grande do Norte", o impacto dessas secas é complexo e diferenciado.
Assim, há o prejuízo em "todos os elos das cadeias produtivas".
A
reunião entre as autoridades e a governadora Rosalba Ciarlini ocorreu
durante a manhã de ontem no Gabinete-Civil do Estado. Na oportunidade,
estiveram presentes o secretário da Sape, Betinho Rosado, o presidente
da Federação dos Municípios, Bênis Leocádio, e a coordenadora da
Federação dos Trabalhadores em Agricultura Familiar (Fetraf), Maria
Cícera Franco de Oliveira - dentre outras autoridades.
"Infelizmente
estamos avaliando que será necessário decretar a situação de
emergência, pois em fevereiro tivemos chuvas bastante irregulares. Em
março praticamente não tivemos chuvas e já há um prejuízo muito grande
para a agricultura", declarou a chefe do Executivo. A governadora
esclareceu que providências precisam ser tomadas para atender os
municípios que estão enfrentando essa situação.
O meteorologista
da Emparn, Gilmar Bristot, confirmou o registro de estiagem em parte do
Estado. "A nossa preocupação é que se confirme o quadro de estiagem,
como já tivemos o mês de março, durante o mês de abril", disse. Segundo
ele, medidas precisam ser tomadas no sentido de antecipar o cenário que
pode se complicar.
Pedido será analisado pela Defesa Civil
O
pedido realizado pelos municípios passará por análise da Defesa Civil
Estadual, sob comando do tenente-coronel Josenildo Acioly. De acordo com
o oficial, o resultado deve surgir ainda na próxima semana. Na
segunda-feira, ele receberá os restantes dos documentos que embasam e
formam o cenário de seca das cidades do interior. "Após o recebimento
desses documentos, acredito que 48 horas poderei dar o parecer da Defesa
Civil", disse.
O parecer será encaminhado via Secretaria de
Justiça e Cidadania (Sejuc) para o Gabinete-civil. "Pelo que vi hoje
[ontem] aqui em linhas preliminares, acredito que a situação de
emergência seja necessária", afirmou o tenente-coronel. A partir dessas
informações, o Governo do Estado também irá buscar auxílio junto ao
Governo Federal. Para que os municípios recorressem diretamente à União,
seria necessário uma série de requisitos, como o funcionamento de uma
Defesa Civil municipal. Assim, o pedido ocorre através do Estado.
Hoje,
72 municípios já são atendidos pela Operação Pipa, em que carros-pipa
fornecem águas às regiões necessitadas. O número de cidades pode
aumentar e outros recursos podem ser alcançados a partir do decreto da
situação de emergência.
Bate papo
Maria Cícera Oliveira, coordenadora da Fetraf-RN
Como a estiagem constatada afeta a agricultura familiar?
A
questão da estiagem é muito preocupante para nós que vivemos de
agricultura familiar. Quando falta a chuva, preocupa pois compromete o
que já foi construído. Estamos trabalhando em uma escala de organização
da produção então o que já foi estabelecido praticamente é desfeito.
Como essa situação se desenha aqui no Rio Grande do Norte?
Aqui,
isso se torna preocupante principalmente quando observamos as políticas
públicas para o homem do campo; tudo é vinculado à produção e
comercialização. Como vamos sobreviver daqui pra frente?
Como a situação de emergência pode beneficiar os agricultores familiares?
O
decreto emergencial pode ajudar a trazer tecnologia existente referente
à distribuição de água e reservatórios. Assim, queremos salvar um pouco
do que está se perdendo. O Governo tem a responsabilidade de apontar
alternativas e queremos isso a curto prazo, assim iremos ficar
amparados. É importante planejar hoje para podermos usufruir no futuro.
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