LAGOA DE MONTANHAS

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

TESTEMUNHA CONTA DETALHES DO CRIME DO MOTEL EM SANTO ANTONIO



Carla França - TRIBUNA DO NORTE

O assassinato da advogada Vanessa Ricarda de Medeiros, 37 anos - morta a pauladas na madrugada de ontem (14) em um motel próximo ao município de Santo Antônio - tem uma testemunha. Pedro Jorge, que segundo a polícia tem cerca de 25 anos, disse em depoimento ao delegado Everaldo Fonseca que o PM Gleyson Alex Araújo Galvão, 35 anos, o obrigou a levar o casal para o motel. O carro utilizado, um Voyage de placas não informada, pertencia a advogada.
CedidaVanessa chegou a ser socorrida pelo Samu, mas não resistiu aos ferimentosVanessa chegou a ser socorrida pelo Samu, mas não resistiu aos ferimentos

A versão contada por Pedro Jorge ao delegado é que Gleyson teria pedido que ele levasse o casal à praia de Pipa. Quando passava pelas proximidades do motel, o PM mandou que ele entrasse no estabelecimento e que subisse até o quarto.

"Segundo a testemunha, logo que os três chegaram ao quarto do motel, o policial foi logo se despindo para ter relações sexuais com a vítima, que resistiu. Enfurecido com a recusa, o policial passou a agredir a advogada. Pedro disse que pediu para que o policial parasse e acabou sendo agredido também. Foi quando a testemunha fugiu do quarto", disse o delegado Everaldo Fonseca.

Ainda segundo a testemunha Gleyson saiu atrás dele, mas não o alcançou. Nessa hora, segundo a polícia, o PM pegou um pedaço de pau que estava em uma das garagens do motel, voltou para o quarto e espancou a advogada. Pedro Jorge mora em Santo Antônio e disse conhecer o PM há cerca de três meses. Ele foi liberado depois de prestar depoimento.


CedidaGleysson confessou o crime e está detido na delegacia de Nova CruzGleysson confessou o crime e está detido na delegacia de Nova Cruz
O CRIME

Por volta da 1h30 de ontem (14) a Polícia Militar recebeu uma ligação informando que uma pessoa estava sendo espancada no quarto de motel nas proximidades de Santo Antônio do Salto da Onça, cidade que fica a 70 km de Natal. "Os funcionários ouviram a mulher gritando e decidiram chamar a polícia. Quando chegamos ao local, encontramos o suspeito na área comum do prédio do motel. Ele apresentava um comportamento estranho, fora de si e agressivo. Ele vestia somente um short, que estava  sujo de sangue", disse o tenente do 8º Batalhão da PM, Everthon Vinício, que atendeu a ocorrência. Ao entrar no quarto, a polícia encontrou a advogada caída no chão desacordada e ensanguentada.  Os objetos do quarto estavam revirados, alguns quebrados.

"O rosto dela estava bastante desfigurado. Ela foi muito agredida, mas quando a guarnição chegou no quarto ela ainda estava viva, porém o estado de saúde era bastante grave. Chamamos o SAMU que ficou de levar a vítima ao hospital de Goianinha onde seria colocada em uma ambulância mais equipada, no esforço para tentar fazer com ela chegasse com vida ao Hospital Walfredo Gurgel, mas não deu tempo", disse o tenente  Everthon Vinício.

Antes de avisar à polícia, os funcionários do motel comunicaram o ocorrido ao dono do estabelecimento que chegou ao local antes da PM. "O dono do motel disse que ao chegar no local, encontrou o assassino cavando um buraco nas proximidades do muro do prédio. Gleyson não disse para que era, mas desconfia-se que ele queria esconder o corpo da vítima", disse o tenente.

O PM foi levado para a delegacia de Santo Antônio para que fosse feito o flagrante. Lá ele teria confessado que espancou  Vanessa de Medeiros. Ele disse tinham reatado o relacionamento naquela noite. "O crime foi motivado por ciúme, mais ciúme dele do que dela. Vamos continuar investigando para saber realmente o que aconteceu", disse o delegado Everaldo Fonseca. Por ser policial milita, Gleyson Alex Araújo Galvão foi levado para o batalhão da PM de Nova Cruz, onde ficará à disposição da Justiça. 

Família acredita em assassinato premeditado

A família de Vanessa Ricarda de Medeiros está inconformada com o crime que tirou a vida da advogada de 37 anos. A sobrinha da vítima, Ravênia Dantas, 24 anos, acredita que o assassinato foi premeditado pelo policial militar Gleyson Alex Araújo Galvão. "Há uns seis meses ela me disse que foi ameaçada por Gleyson. Até disse para ela denunciar, mas minha tia disse que tinha medo porque ele era muito agressivo, coagia psicologicamente ela. O celular dela era cheio de mensagem dele", contou Ravênia.

Ela acredita que a tia foi sequestrada e levada à força para o motel. Peritos do ITEP teriam dito a sobrinha que os pés da vítima estavam sujos de terra. "O carro era dela. Tenho certeza que ele a sequestrou. Esse homem não se conformava com o fim do relacionamento. E diferente do que ele disse, minha tia não voltou o namoro e foi, por isso, que ele fez essa atrocidade", disse Ravênia. Vanessa de Medeiros era tida como uma pessoa calma e discreta. Era evangélica.

Ela mantinha sociedade com a irmã em dois escritórios de advocacia, sendo um em Natal e outro em Parelhas, e pretendia montar um terceiro escritório em Santo Antônio. "Ela foi a Santo Antônio para desfazer o contrato de aluguel do prédio. Desistiu de abrir o negócio porque ela estava ameaçando muito. Inclusive, foi por esse motivo que ela acabou o relacionamento em dezembro passado", contou o  cunhado da vítima, Genilson Dantas.

Ainda segundo ele,  Gleyson teria ameaçado Vanessa de morte e chegou a dizer que como era policial e réu primário teria a pena, caso fosse preso, reduzida em 1/3 e responderia o crime em liberdade. O corpo da advogada chegou no final da tarde de ontem ao ITEP em Natal. Segundo informações dos familiares, ela está completamente desfigurada. O enterro será realizado hoje, às 9h da manhã na cidade de Parelhas, cidade natal da advogada, e onde ela residia.

Ficha limpa

A TRIBUNA DO NORTE entrou em contato com comandante-geral da PMRN, coronel Francisco Araújo para saber sobre o comportamento do policial Gleyson Alex Araújo Galvão. E segundo o coronel, o PM não responde por nenhum processo.

"A ficha funcional dele é limpa, não há nenhum registro contra ele. E também não há informações sobre problemas de saúde de qualquer ordem, nem psicológico", disse coronel Araújo.

Ele entrou na Polícia Militar em 2006. Segundo o coronel  Araújo, o policial irá responder a um processo administrativo disciplinar  paralelamente ao processo criminal. A PM ainda não sabe se será necessária a saída dele da corporação, essa é uma decisão que depende da sentença judicial.

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