LAGOA DE MONTANHAS

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segunda-feira, 25 de março de 2013

VERGONHA NACIONAL:SEM PROFESSORES ESCOLAS DO RN FAZEM RODIZIO DE AULA


Situação apresentada até na mídia nacional destaca que em algumas unidades, estudantes só têm três dias de aula. Foto: Wellington Rocha
Situação apresentada até na mídia nacional destaca que em algumas unidades, estudantes só têm três dias de aula. Foto: Wellington Rocha
Por falta de professores para suprir toda a carga horária de aulas, algumas escolas da rede estadual em Natal estão adotando um sistema de ensino incomum. Através de um “rodízio” de alunos, há estudantes que, ao longo da semana, só passam três dias em sala de aula e o restante em suas casas. Essa realidade foi apresentada em mídia nacional, através de matéria publicada na semana passada pela Folha de S. Paulo.
O modelo adotado vai contra o sistema da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que determina uma carga horária de 800h de aula por ano, distribuídas em 200 anos letivos, no mínimo. A situação se dá pelo término de contrato com os professores temporários, que ocupam os horários de licença dos professores efetivos. O Jornal de Hoje foi em quatro escolas da rede estadual que teoricamente estavam abraçando sistema.
A situação mais grave foi identificada na Escola Estadual Aldo Fernandes de Melo, localizada no conjunto Guamoré, no bairro Lagoa Azul – zona Norte de Natal. Segundo a vice-diretora da unidade, Edigites Mendes, as turmas do turno da manhã estão com as aulas completas. Entretanto, os alunos vespertinos são os mais prejudicados com a ausência dos professores.
“Das 14 turmas que funcionam à tarde, apenas dez estão cumprindo regularmente com os horários. Dependendo do dia, temos 12 turmas funcionando. Enquanto isso acontece, muitos alunos estão ficando sem aulas. Desde o início deste ano letivo que estamos nessa situação”, disse. A vice-diretora lembra que no ano passado tiveram problemas recorrentes da ausência de professores, mas ainda dava para “tapar buracos” com a ajuda de horários suplementares de alguns profissionais.
“Só que esse ano, devido ao cancelamento do contrato de professores temporários, a gente ficou com menos professores no quadro. Teríamos que suprir 12 aulas diariamente, mas não temos profissional suficiente”, contou Edigites, afirmando que as matérias mais prejudicadas são a de Português e Matemática. “Que chance esse alunos têm diante dos estudantes de outras escolas? Estamos deixando de dar a base de educação a jovens que estão projetando o seu futuro”.
A Escola Aldo Fernandes de Melo conta com cerca de 1,2 mil alunos, dos quais 510 estão sofrendo diretamente com o sistema de “rodízio”. “Das 25h aulas da semana, os alunos estão perdendo, no mínimo, 10h. Estamos fazendo uma força-tarefa grande, mobilizando pais e comunidade para atentar o governo dessa realidade. A repercussão está sendo tão grande que levamos o nome de ‘escola da mídia’. Mas, mesmo assim, ainda não estamos vendo um resultado que possa mudar esse cenário”, afirmou.
Outras escolas apontadas por adotar esse mesmo sistema são a Escola Estadual Cônego Luis Wanderley e a Escola Estadual Paulo Pinheiro de Viveiros, localizadas também em Lagoa Azul. Apesar da vice-diretora da Cônego Luis Wanderley apontar que isso não acontece em sua unidade de ensino, Edigites informou que representantes da unidade estavam participando das manifestações em protesto contra a Secretaria de Educação do Estado, alegando a mesma carência de profissionais.
Na Escola Paulo Pinheiro, o diretor Joelson Nunes Vieira disse que tem turmas funcionando com até 80% das aulas. “Não coloco nossa escola nesse sistema de rodízio. Tivemos uma turma que estava com apenas dois dias de aula, mas conseguimos encaminhá-la para outra escola do bairro, de forma que os alunos não fossem prejudicados”, afirmou.
Outra unidade visitada por este vespertino foi a Miriam Coelly, que acolheu a turma encaminhada pela última escola citada. De acordo com a diretora Ana Maria Andrade, eles estão conseguindo equilibrar a situação com a ajuda de três professores que estão trabalhando em sistema de carga horária suplementar. “Nosso problema é mais com o ensino fundamental, do 7º ao 9º ano.
Conseguimos três professores para ajudar em turnos diferentes. Se não fosse isso, sinceramente não sei o que seria de nossos alunos”.
A secretária estadual de Educação, Betânia Ramalho, disse que o maior problema que levou ao agravamento do quadro foi o aumento do número de aposentadorias de professores. “Esse ano, foram mais de 30 mil profissionais aposentados”, disse. A titular da Secretaria informou que mais de mil professores foram convocados recentemente e outros 500 docentes deverão ser convocados nos próximos dias. “Estamos fazendo de tudo para solucionar isso o mais rápido possível. Entendemos que esses alunos estão sendo prejudicados e não podem, de maneira alguma, ficar desassistidos

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