LAGOA DE MONTANHAS

LAGOA DE MONTANHAS

terça-feira, 6 de novembro de 2012

SHELL LEVA MULTA POR CRIME AMBIENTAL NA NIGÉRIA

    A Nigéria multou a filial da companhia petrolífera Shell no país africano em US$ 5 bilhões por causa do vazamento de petróleo ocorrido no Delta do Rio Níger, em dezembro de 2011.
    O diretor-geral da Agência nigeriana de Resposta e Detecção de Vazamentos de Petróleo (Nosdra, na sigla em inglês), Peter Idabor, anunciou nesta segunda-feira (16) a multa à Companhia de Exploração e Produção Shell Nigeria (SNEPCo) perante um comitê parlamentar, informou nesta terça-feira (17) o jornal "Vanguard".
    Idabor disse considerar a multa como uma "sanção administrativa", levando em conta a quantidade de petróleo vazada pela SNEPCo na região e o impacto dessa matéria-prima na água e no ecossistema marinho.
    No entanto, o diretor-geral da Nosdra especificou que a multa não é uma compensação, já que esta última só poderia ser solicitada após uma análise de impacto ambiental.
    "Não acreditamos que haja base legal para tal multa. Também não consideramos que a SNEPCo tenha cometido alguma infração das leis nigerianas que justifique essa sanção", afirmou o porta-voz da companhia, Tony Okonedo.
    Segundo Okonedo, a "SNEPCo respondeu ao incidente com profissionalismo e atuou o tempo todo com o consentimento das autoridades para prevenir o impacto meio ambiental".
    O vazamento aconteceu em 20 de dezembro de 2011, quando o equivalente a 40 mil barris de petróleo provenientes da plataforma Bonga contaminaram 950 km² de superfície marítima. O acidente afetou a flora e a fauna, assim como a população local, cujo sustento depende em grande parte da pesca.
    Imagem divulgada nesta terça-feira (27) mostra uma mancha de petróleo nas proximidades do Delta do rio Niger, na Nigéria, na última segunda-feira (26). De acordo com a empresa anglo-holandesa Shell, o vazamento de petróleo na costa do país foi amplamente  (Foto: Sunday Alamba/AP)Imagem divulgada em 27 de dezembro de 2011 mostra uma mancha de petróleo nas proximidades do Delta do Rio Niger, na Nigéria. (Foto: Sunday Alamba/AP)
    Histórico
    A Nigéria tem um longo histórico de problemas ambientais por causa da exploração petrolífera. Em agosto, um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) afirmou que a região habitada pelo povo ogoni, no Delta do Rio Níger, foi poluído por petróleo durante 50 anos e precisará da maior limpeza de óleo já empreendida na história, a um custo de US$ 1 bilhão, e que pode demorar até 30 anos para ser executada.

    A petrolífera Shell era a maior operadora em Ogoniland até ser forçada a sair pelas comunidades locais, em 1993. Seus oleodutos e outras infraestruturas, no entanto, permanecem e continuam a causar derrames e sofrer ataques de sabotagem. Na ocasião da divulgação do relatório, a Shell assumiu a responsabilidade por dois vazamentos na região ocorridos em 2008 e 2009.

    O Pnuma afirmou que a água potável em algumas áreas foi contaminada tão gravemente que precisaria de ação de emergência imediata. O levantamento foi feito ao longo de um período de 14 meses, com visitas a 122 km de oleodutos e a revisão de mais de 5 mil registros médicos, envolvendo mais de 23.000 pessoas em reuniões locais.

    O relatório, financiado pela própria Shell, foi o estudo científico mais detalhado já feito de qualquer área do Delta do Níger, coração da indústria de petróleo da África.

    O delta é a terceira maior área pantanosa do mundo, e tem grande biodiversidade em seus mangues e cursos d’água. Mas a exploração petrolífera a transformou numa das zonas de pior poluição por óleo no mundo. Já são mais de 6.800 vazamentos registrados, com até 13 milhões de barris derramados, de acordo com ambientalistas.

    A Shell tem dito que os derramamentos de óleo no Delta do Níger são, em maioria, causados por roubo de petróleo e ataques de sabotagem, mas promete que limpará a área, qualquer que seja a causa.

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário