LAGOA DE MONTANHAS

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quinta-feira, 9 de maio de 2013

AGRICULTURA FAMILIAR FAZ PROTESTO EM FRENTE A SECRETARIA DE AGRICULTURA

Com uma pauta de 13 reivindicações, cerca de 1.500 manifestantes da 9ª Jornada Estadual de Luta da Agricultura Familiar e Reforma Agrária se encontraram em frente a Governadoria, no Centro Administrativo, para chamar a atenção do governo estadual para a necessidade de obras de convivência com a seca e preparar o setor rural para os períodos de inverno. Como a governadora Rosalba Ciarlini encontra-se na região Oeste, o grupo de manifestantes desviaram da governadoria e se concentrou em frente a Secretaria Estadual da Agricultura, da Pecuária e da Pesca, para entregar a pauta e tentar uma audiência com o secretário José Teixeira de Souza Júnior.

O coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar, João Cabral, disse que além dessa pauta anual, existe uma preocupação com os avanços para o setor, vez que em 2014 será comemorado o “Ano Internacional da Agricultura Familiar”, que responde por 60% dos alimentos produzidos no Brasil.
9ª Jornada de Luta da Agricultura Familiar teve protesto em frente à Secretaria Estadual de Agricultura
Entre as reivindicações dos agricultores familiares estão a perfuração de 550 e restauraçao de 250 poços tubulares nos 50 municípios da base sindical da Fetraf, situados, sobretudo, nas regiões do Potengi, Oeste, Trairi, Seridó, Mato Grande e, inclusive, na área canavieira, que ocupa grande parte zona litorânea do Rio Grande do Norte.

A Fetraf também pede a distribuição de 20 mil toneladas de milho para os agricultores familiares, conclusão das obras da Central de Comercialização, vizinho à Ceasa, em Lagoa Nova; pagamento imediato da cota estadual do Programa do Garantia Safra 2013, para que seja viabilizado o pagamento do benefício aos agricultores já a partir de julho.

Outras solicitações são as ampliações do sistema de adutoras em Bento Fernande e São Miguel do Gostoso, instalação de 80 desssalinizadores e realização de concurso público e contratação de servidores para órgãos envolvidos com o campo, a fim de melhorar e oferecer estrutura e condições de assistência técnica rural.

Francisco Serafim Dias, 73 anos, já é aposentado como agricultor, mas continua na labuta diária do campo. “Nasci dentro da agricultura, só vou parar de trabalhar quando morrer”, disse ele, que reside na área urbana de Santo Antonio e arrenda glebas de terra a um latifundiário daquele município da região Agreste para complementar a renda advinda do plantio de “fava moitada”.

Caicoense de origem - “meu pai era da Polícia Militar, foi transferido em 1960 para Santo Antonio e também plantava para criar a famíllia” -, Francisco Serafim disse que no ano passado ainda colheu umas três sacas de favas, daquelas “que é pintadinha”, porém, este ano “não deu nada”.

Serafim disse que este ano plantou quatro mil covas de grãos, mas perdeu tudo. Mesmo assim, ele ainda confia que até o fim de maio caia uma chuvinha e assim possa plantar e colher alguma coisa pro São João.

João Queiroz é agricultor e ainda não se aposentou porque não tem idade: “Tenho 55 anos”. Com a estiagem, ele disse que a familia está sobrevivendo por causa de um filho que trabalha fora e ajuda “e minha mulher tem um emprego de merendeira na prefeitura de Campo Redondo”.

Queiroz afirmou que chegou a plantar quatro quilos de feijão e milho nas primeiras chuvas que cairam no sítio Malhada Vermelha, mas não houve colheita. “Se chover no fim do mês vou plantar dois quilos de feição e dentro de dois meses colho alguma coisa”, confia ele.

Além disso, Queiroz explicou que aquelas frutas vendidas por barraqueiros à margem da BR-226, na Serra do Doutor, em Campo Redondo, “vem tudo de fora”, porque as fruteiras perderam tudo e só tem alguma produção de jaca na Serra Verde. “Teve gente que perdeu 62 pés de coqueiro”, contou ele.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Cerro Corá, João Alexandre, disse que na Serra de Santana, a principal fonte de renda dos agricultores do município e ainda de Lagoa Nova e Tenente Laurentino Cruz, “só 5% dos agricultores estao obtendo alguma renda com a mandioca”, cuja escassez elevou para R$ 6,00, o quilo de farinha, uma das principais iguarias da mesa do sertanejo.

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