O jornal Diário de Natal, o segundo mais antigo veículo de comunicação
impresso em circulação no Rio Grande do Norte, vai continuar a existir
apenas na edição online. A decisão de fechar a edição impressa foi
tomada em Brasília, pela presidência dos Diários Associados. Todas as
operações administrativas, financeiras e industriais do Diário de Natal
já estavam centralizada em Recife, junto ao Diário de Pernambuco, desde
2010, quando uma primeira reforma mudou o formato da edição impressa, de
stand para tablóide, e substituiu 80% da equipe da redação.
As
razões da decisão, segundo fontes ligadas à atual administração do DN,
foram econômicas, em função dos resultados financeiros negativos
registrados nos últimos anos. As obrigações trabalhistas com os
funcionários desligados, garantiu uma dessas fontes, estão sendo
honradas, assim como os compromissos com fornecedores. Foi mantida,
apenas, uma equipe de jornalistas que ficará encarregada do site do DN
na internet.
O acervo do jornal, arquivos de textos, edições e
fotografias, será mantido. A mudança administrativa e a decisão de
manter apenas a edição digital ocorre quando um projeto de digitalização
de todo o acervo estava em andamento. Na medida do possível, segundo a
direção dos Associados, esse projeto será mantido e aberto às consultas e
uso de instituições de ensino e pesquisas.
"O Diário de Natal
esteve presente em episódios marcantes do Rio Grande do Norte, sempre
como um veículo que despertava paixões e interesse do público potiguar",
avaliou a jornalista Juliska Azevedo, última diretora de redação do DN.
A força da marca "Diário de Natal" junto aos leitores, lembra a
jornalista, sobreviveu às dificuldades financeiras da empresa nos
últimos anos graças a "seriedade e compromisso assumido com a cidade".
Juliska
começou como repórter do DN, ficando na empresa por 10 anos. Preferiu
não comentar as razões econômicas para a suspensão da edição impressa,
mas lamentou que ela tenha sido tomada "no momento em que o conteúdo
vinha melhorando." "Lamento profundamente o fim do Diário de Natal
impresso. Aqui foi uma escola na qual aprendi e pela qual passaram e se
formaram grandes jornalistas locais".
Foram 73 anos de
jornalismo, que começaram no dia 18 de setembro de 1939. De lá para cá o
jornal foi testemunha de fatos importantes da história, como o final da
Segunda Guerra Mundial, a construção da Base Aérea de Natal, a visita
do presidente Eurico Gaspar Dutra à capital do Rio Grande do Norte, o
suicídio do presidente Getúlio Vargas, o golpe militar de 1964 e tantos
outros episódios locais, nacionais e internacionais que foram notícia.
Antes
do DN, o condomínio Diários Associados, fundado pelo paraibano por
Assis Chateaubriand, já havia tomado medida idêntica encerrando a
circulação impressa de "O Norte" de João Pessoa, e o Diário da
Borborema, em fevereiro deste ano.
Ontem, o Sindicato dos
Jornalistas do Rio Grande do Norte divulgou nota em que lamenta
"profundamente o fim da edição impressa do Diário de Natal e se
solidariza com os trabalhadores que deram a vida pela instituição."
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