São Paulo, 17 de junho de 2013, agora são 1:57 da madrugada.
A esta altura, suponho que você já saiba que milhares de brasileiros, aqui e no exterior estão se manifestando contra o que os aflige. Para alguns é a passagem de ônibus, outros o fato de terem que tentar a vida em outro País, pois o nosso não oferece condições, outros por que não
tem um tratamento digno para seus filhos nos hospitais e precisam de
empregos extras para conseguir pagar uma escola particular para suas
crianças, pois em uma escola pública ele não só deixa de aprender como pode ser ameaçado de morte ou estar próximo a traficantes.
Acredito que você esteja até cansado de saber que não lutamos apenas por R$ 0,20, as pessoas não lutam por uma diminuição no orçamento do mês, isso não as faria sair para as ruas correndo o risco de tomar tiros de bala de borracha e coisas piores. Pessoas vão para as ruas pois acreditam que de uma forma ou de outra podem mudar a realidade e até mesmo o rumo de um País que insiste em ser chamado de “o País do futuro” há quase 50 anos e não consegue oferecer condição nenhuma para uma criança crescer, aprender e se educar por aqui.
Hoje, por volta das 17 horas estarei no Largo da Batata, auxiliando alguns amigos jornalistas na cobertura do evento e presenciando um ato que pode ser o começo de uma longa batalha que iremos travar. Essa luta não é nas ruas, ela começa lá, e passa
por escolas de qualidade, hospitais públicos decentes, voto consciente e
se fortalece dentro de nossas casas, todos os dias, onde precisamos
lutar pelo que acreditamos e educar nossos irmãos, filhos e netos para
que façam o mesmo.
Vale lembrar alguns mais exaltados que este embate também não é contra os policiais, que transferem para nós a infelicidade de um salário medíocre,
que faz com que ele tenha que arrumar um bico de madrugada de segurança
num Buffet infantil, boate ou até mesmo na milícia. Tudo por que no
passado ele foi vítima da educação precária que o Governo oferece e faz
com que ele sequer entenda que a manifestação que está
acontecendo a sua frente está lá para que ele, seu filho e esposa tenham
mais oportunidades e uma vida mais digna. Para que ele não precise dar
porrada em manifestante para esquecer um pouco a vida de merda que leva.
Para que tudo isso seja entendido, precisamos dar exemplo. Milhares de pessoas estarão lá, algumas mais revoltadas, outras mais conscientes, essas tem por obrigação zelar
pelo bem do nosso patrimônio público, as ruas, praças, ônibus, afinal,
não é preciso quebrar nada para ser ouvido e assim como aconteceu com os
próprios policiais, a perda da razão só gera mais caos e sofrimento e pode transformar algo histórico em apenas um piti burguês adolescente na capa da Veja dessa semana.
Como pude perceber nos protestos e nas redes sociais, os motivos pelos quais as pessoas protestam são diferentes, não quero nem posso abraçar todas essas causas, pois por trás de todo coletivo existem milhões de individualidades, portanto vou contar para vocês o motivo pelo qual eu vou estar lá.
Eu luto por um precedente, que hoje custa R$ 0,20, mas amanhã terá um valor inestimável.
Luto para que o movimento pare São Paulo, e que de fato seja ouvido por nossos governantes, em especial o Governador Geraldo Alckmin e o Prefeito Fernando Haddad e que, à princípio, como sinal de respeito ao cidadão a tarifa volte aos 3 reais.
Alguns podem pensar que isso não é muita coisa, mas é. Uma conquista dessas abre um precedente para todos os brasileiros, eles saberão que não estão sozinhos e que podem e devem lutar pelo que lhes é de direito.
Ninguém merece viver em um País que cobra um
dos impostos mais caros do mundo e não oferece retorno nenhum para seus
contribuintes.
Esses tão questionados e discutidos R$ 0,20 , se ganhos, mostrarão
a todos os políticos que o brasileiro resolveu tirar a bunda da cadeira
e exigir o que é de direito de todo cidadão: viver e criar seus filhos
em um País decente.
Que as imagens da manifestação de amanhã
rodem o mundo e fiquem na cabeça de todo e qualquer político que esta ou
estará no poder, para que ele saiba que a partir de agora as coisas
podem ser diferentes.
Esses são os motivos pelos quais eu luto. E você, luta pelo quê?
Que a paz, a calma e principalmente a razão de lutar
pelo que é certo estejam ao lado de todos que resolveram participar da
história ao invés de assisti-la.
Até lá!
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