Normando FeitosaNa
falta de celas, os presos são algemados em barras de ferro, no corredor
das unidades. Ontem, a delegacia de Nova Cruz tinha cinco homens nessa
situação
A ideia de instalar uma barra de ferro foi do próprio delegado. O objetivo inicial era dar mais segurança aos policiais civis e militares durante os procedimentos de registro de flagrante policial. “Se eu soubesse que ia ter esse fim não teria colocado. Mas se não tivesse colocado não sei onde esse pessoal ficaria”, avaliou.
O delegado alerta para o prejuízo provocado ao trabalho da Polícia Civil pela situação. “Os policias ficam tomando conta do pessoal. Quando um quer ir ao banheiro é preciso de um homem para tirar a algema e outro para dar cobertura para acompanhar ao banheiro. É assim o dia todo. O que eu acho ainda mais constrangedor é por que isso tudo ocorre na recepção da delegacia”, descreve.
A situação fica ainda mais complicada a noite. Por falta de efetivo, a delegacia fecha a noite e os presos são levados pela Polícia Militar para passar a noite no 8º Batalhão. Pela manhã, retornam para a delegacia e são presos à barra de ferro. “Eu já liguei, fui no CDP, tentei falar com a Coape, mas essa situação não se resolve”, diz.
O número de homens algemados na barra de ferro reduziu de cinco para quatro depois que um deles recebeu alvará de soltura. “Não foi por que arrumaram uma vaga”, reforça.
Interdições
Na semana passada as delegacias de Cruzeta e Goianinha foram interditadas, tendo a transferência dos presos determinada, por decisão judicial. Em Cruzeta, onde há quatro presos, o juiz Marcus Vinícius Pereira visitou a delegacia e constatou o “abandono do distrito policial”. No caso de Goianinha, policiais civis decidiram não custodiar mais os 13 presos detidos no local. A juíza Ana Karina de Carvalho deu um prazo de 48h para a transferência dos presos. O prazo se esgotou no sábado passado. “Nada mudou até agora”, afirma Oliveira. A Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) afirmou que não tem como atender à ordem judicial por falta de vagas. Atualmente, o Rio Grande do Norte possui 14 unidades prisionais interditadas.
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