Composta por 73 parlamentares, sendo 70 deputados e três
senadores, a bancada evangélica voltou a ganhar força na atual
legislatura, depois de sair da corrida eleitoral de 2006 com apenas 36
deputados. Atualmente, o grupo se movimenta para barrar mudanças no
Código Penal. Saiba quem são os principais líderes da bancada.
O deputado João Campos (PSDB-GO)
tem 50 anos e desde 1996 é pastor da Assembleia de Deus. Em seu
terceiro mandato como deputado federal, é presidente da bancada
evangélica e vice-líder do PSDB na Câmara. Além de pastor, João Campos
também é delegado da Polícia Civil de Goiás e chegou a ser
vice-presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil. É dele
a proposta de mudança na Constituição (PEC-99) que prevê o direito às
igrejas de contestarem leis junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) por
meio de Adins (Arguição de inconstitucionalidade). Ele também é um
defensor da "cura gay". Uma proposta de João Campos quer impedir que o
Conselho Federal de Psicologia puna profissionais que tratam a
homossexualidade como transtorno.
Ex-prefeito de Campos dos Goytacazes, sua cidade natal, ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PR –RJ)
é vice-presidente da bancada evangélica. No próximo ano, Garotinho
pretende se candidatar ao governo do Rio de Janeiro. Ele tem 53 anos, é
radialista desde os 15 anos e pertence à Igreja Presbiteriana desde
1994, quando, segundo ele próprio, trocou a visão marxista pelo
Evangelho. No ano passado, exigiu desculpas do ministro Gilberto
Carvalho devido à declaração de que os evangélicos conservadores “têm
uma visão do mundo controlada por pastores de televisão”. Usando
recursos regimentais, o deputado chegou a derrubar uma sessão da Câmara e
o ministro acabou se reunindo com a bancada para se desculpar.
Garotinho é investigado em quatro inquéritos no STF. Acusado de ter sido
chefe político das ações de corrupção na cúpula da Polícia do Rio de
Janeiro, Garotinho chegou a ser condenado a dois anos e meio de prisão
por formação de quadrilha. A pena, no entanto, foi convertida em
prestação de serviços à comunidade e suspensão de direitos políticos.
Garotinho recorreu, disputou a vaga de deputado para qual foi eleito com
700 mil votos, maior votação do Estado do Rio de Janeiro. Nas eleições
de 2002, disputou a Presidência da República e angariou mais de 15
milhões de votos.
Integrante da igreja Sara Nossa Terra, o deputado Eduardo Cunha (RJ)
é líder do PMDB, segunda maior bancada da Câmara dos Deputados. Chegou
ao posto a contragosto do Planalto, após ter atuado para a campanha do
petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo. Cunha é um dos
principais articuladores da eleição do pastor Marco Feliciano à
Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Ele cedeu ao PSC
as quatro vagas do PMDB na comissão. No STF, Eduardo Cunha é acusado de
falsificação de documentos e sonegação de impostos. Ele é autor do
Projeto de Lei 7.382/2010, que estabelece punição para pessoas que
praticarem “discriminação contra heterossexuais”. Nessa proposta,
colocada como contraponto à proposta que criminaliza a homofobia, Cunha
pede pena de até três anos de prisão para estabelecimentos que proibirem
entrada de casais heterossexuais ou que impeçam ou restrinjam “a
expressão de afetividade”.
O senador Magno Malta (PR-ES)
é músico e pastor da Igreja Batista e conhecido por frequentemente usar
a Bíblia em seus pronunciamentos no Senado. Ele é líder da banda de
pagode gospel Tempero do Mundo e adotou uma postura agressiva contra o
ministro Gilberto Carvalho - que disse que os evangélicos conservadores
“têm uma visão do mundo controlada por pastores de televisão” - o
chamando de "safado" e "mentiroso". Ele também é autor da PEC 27,
intitulada PEC da Cidadania, que prevê a eleição de analfabetos. Outra
proposta polêmica de autoria do senador, que presidiu a CPI da
Pedofilia, é a que prevê pena de prisão perpétua para crimes praticados
contra crianças ou adolescentes. O senador também é defensor da
realização de plebiscitos sobre temas como aborto, serviço militar
obrigatório e união de homossexuais. No STF é investigado por crime
eleitoral em processo que corre em segredo de Justiça. O senador também
foi acusado de envolvimento na máfia das Sanguessugas devido à
apresentação de emendas favoráveis à empresa Planam no valor de R$ 1
milhão.
No 4º mandato, o deputado Lincoln Portela (PR-MG)
é pastor e presidente da Igreja Batista Solidária. Na Câmara, ele
assumiu neste ano a presidência da Comissão de Legislação Participativa,
órgão responsável por receber e dar encaminhamento às propostas de
iniciativa popular, como foi o caso da proposta que resultou na Lei da
Ficha Limpa. Portela é também radialista e apresentador de televisão.
Atualmente apresenta o Programa 30 minutos, aos sábados, na Rede Minas.
Formado em Teologia, o deputado costuma realizar palestras sobre
família. Ele defende o ensino religioso nas escolas, mas com uma
roupagem de “Estudo da Paz”. Essa ideia está presente no Estatuto da
Paz, de sua autoria, que inclui matérias que ensinam “valores, atitudes,
modos de comportamento e estilos de vida”, nos currículos escolares do
ensino fundamental e médio. No STF, Portela responde pelo crime de
fraude em licitação.
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