A
empresa suíça Nestlé anunciou nesta segunda-feira que decidiu recolher
das prateleiras dois produtos refrigerados cujos testes deram positivo
para a presença de carne de cavalo. As duas massas em questão, o Buitoni
Beef Ravioli e o Beef Tortellini, são vendidas na Espanha e na Itália,
informou a companhia por meio de comunicado. “Quando informações sobre a
fraude na embalagem de alimentos emergiu no Reino Unido, reforçamos os
testes em produtos e matérias primas que usamos na Europa. E estamos,
agora, suspendendo as entregas de produtos fornecidos pela empresa alemã
H.J. Schypke, que é subcontratada de um de nossos fornecedores, a JBS
Toledo N.V”, informou a Nestlé.
Segundo
a Nestlé, testes apontaram a presença de mais de 1% de DNA de cavalo
nos dois produtos que são fornecidos pela JBS Toledo, subsidiária belga
do grupo brasileiro JBS. A empresa suíça confirmou que a carne vendida
pela JBS é proveniente do fornecedor alemão H.J. Schypke. O nível de 1%
foi estabelecido pela Food Safety Agency (FSA), a agência estatal
britânica que lidera as investigações sobre a adulteração dos produtos,
como porcentual de referência que indica se um produto sofreu fraude ou
não.
A
empresa suíça também avisou que vetou a comercializadação de uma de
suas lasanhas congeladas (Lasagnes à la Bolognaise Gourmandes), que é
vendida especificamente ao mercado corporativo na França.
“Estamos melhorando nosso programa de controle de qualidade por meio da
execução de novos testes de DNA em carnes antes do processo de produção
na Europa”, disse a Nestlé.
Na última semana, o presidente da Nestlé, Paul Bulcke, afirmou ao jornal britânico Financial Times
que o escândalo da carne de cavalo não havia afetado a empresa
diretamente. “Nós controlamos nossos fornecedores cuidadosamente, e é
lógico que quando algo como isso (o escândalo da carne de
cavalo) acontece, intensificamos nossos processos. Mas o que tem a nossa
marca não foi afetado”, afirmou o executivo.
A
JBS Toledo é a subsidiária belga do grupo brasileiro JBS, presidido por
Wesley Batista, com atuação focada no oeste europeu. A aquisição
ocorreu em agosto de 2010, por 11 milhões de euros. A JBS Toledo tem
forte presença no fornecimento de carne processada e cozida para mais de
100 clientes na Europa, sobretudo restaurantes, cozinhas industriais e
grandes marcas de alimentos, como a Nestlé. Procurada pela reportagem do
site de VEJA, a empresa brasileira não havia retornado o pedido de
entrevista até a publicação desta reportagem.
O
grupo JBS é o maior fabricante de carne processada do mundo, com
receita líquida da ordem de 75 bilhões de reais em 2012, segundo estimou
o próprio Batista ao jornal Valor Econômico, em dezembro do
ano passado. O BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), é dono de 23% do grupo JBS
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