Silas Malafaia, fundador da Assembleia de Deus Vitória em
Cristo e prestigiado pastor no meio evangélico, consolidou-se, nas
eleições de domingo
(7), como um importante líder político em âmbito nacional. repetindo os
passos de outras influentes denominações, como a Igreja Universal e a
Assmbleia de Deus.
Carismático, com linguagem direta, cheia de gírias e por
vezes agressiva em defesa de suas ideias conservadoras, ele está no
centro de polêmica em São Paulo, onde apoia José Serra (PSDB) contra
Fernando Haddad (PT), a quem se refere como "autor do kit-gay".
Malafaia apoiou 40 candidatos vencedores no pleito pelo
País – 24 a prefeito (quatro estão no segundo turno) e 16 a vereador.
Com 48 indicados no total em sete Estados, sua performance foi de 83% de
sucesso.
Ele declarou voto em seis candidatos a prefeito em cidades grandes. Dois venceram no primeiro turno: Eduardo Paes (PMDB)
, no Rio, e Fortunati (PDT)
, em Porto Alegre e três foram para o segundo turno: José Serra (PSDB)
, em São Paulo, Ratinho Júnior (PSC)
, em Curitiba, na frente; e Neilton Mulim (PR) ficou em segundo em São
Gonçalo (segundo maior colégio eleitoral do Rio). Na menor cidade da
lista, Palmas, seu preferido, Marcelo Lelis, foi derrotado. “Só perdi
com o cara de Palmas, onde não tem segundo turno.”
“Apoiei 18 caras para vereador, 16 foram eleitos. Em
Porto Alegre, quando cheguei para apoiar (José) Fortunati (prefeito
eleito), estava empate técnico com a Manuela Dávila (PCdoB)
. Dei uma força, lá em Porto Alegre tem muito evangélico. Ele pediu:
‘Grava aqui para o TRE.’ Fiz um áudio e pus na porta da igreja. Não digo
que ganhei, mas ajudei a ganhar”, contou.
Ele concentrou as ações principalmente no Rio: De 25
candidatos a prefeito no Estado, perdeu em cinco municípios, venceu em
18 e dois foram para o segundo turno. O religioso conseguiu fazer ainda
16 de 18 (86,6%) vereadores - 16 no Rio, um em Manaus (AM) e um em Cabo
Santo Agostinho (PE), onde fica o Porto do Suape. Nas eleições de 2010, o
pastor já tinha ajudado a eleger três deputados federais no Rio.
Apesar de ter dito ao iG
que faria campanha discreta para o tucano José Serra no segundo turno
em São Paulo, ele tem provocado polêmica, ao escrever seguidas mensagens
críticas a Fernando Haddad no twitter e no facebook, identificando-o
como “autor do ‘kit-gay’”.
O pastor tem consciência de sua força nas urnas, no
segmento evangélico e se regozija disso. Ele afirma que esta sua missão é
influenciar o máximo possível. “Gooosto (de política)! Eu nunca vou ser
candidato a nada, pode anotar aí! Agora, tenho a convicção, como
pastor, acredito que fui levantado para influenciar. Então, vou
influenciar o máximo que puder. Ser (político), nunca, mas influenciar,
sempre!”
Malafaia também não tem pudores em relação ao jogo
político, cuja dinâmica revela conhecer bem. “Na época da eleição, o
prefeito e governador bajulam todo mundo para ganhar. Quando são
eleitos, essa aqui é que é a verdade, amigo: “Quem é esse cara aí?
Elegeu quem?” Então, para eles te atenderem, você tem de mostrar que
você tem força política! Senão é mais um no bolo! (...) Essa é que é a
verdade nua e crua.”
Leia ainda: Silas Malafaia: “Tenho pastores que ganham entre R$ 4 mil e R$ 22 mil"
Segundo o pastor, é graças ao poder político que os
evangélicos conseguem garantir seus “princípios”. “Quando vier coisa de
molecagem contra os nossos princípios, a gente tem voz para pressionar. É
esse que é o jogo. Isso é o que eu faço. Não tem conversa: “Vai fazer
essa lei aí? Vai? Então vai ver se vai ter o meu apoio...!” Você vê,
tanta coisa foi freada aí, em âmbito federal e tudo, por medo de nossa
comunidade”, explica.
Direto, o pastor não se furta a fazer comentários sobre outras igrejas, como a Universal, com mais tempo de atuação política.
Além da igreja e da TV, onde tem programas em três
canais, Malafaia aposta suas fichas na influência pela internet. “O
segmento social que mais usa a internet e as redes sociais são os
evangélicos.”
Ele contou ao iG
que usa a mala direta de venda de seus produtos evangélicos (livros,
CDs, DVDs) para fazer propaganda política de seus candidatos. Malafaia
disse esperar que os candidatos por ele apoiados defendam os interesses
dos evangélicos e honrem o seu nome, porque os apoiou. Se pisar (na
bola), “quem vai dar com o sarrafo sou eu, (...), largo o aço em cima,
(...) vou sacudir em cima dele!”. “Meu nome não está à venda para
ninguém”, afirmou Malafaia.
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