Jingle do PSD utilizaria, sem autorização, música de compositores baianos.
O que foi pensado para fazer decolar a candidatura de Robinson Faria ao
Governo do Estado pode acabar se tornando uma enorme dor-de-cabeça. O
jingle do candidato do PSD, cantado por Alcimar Monteiro no primeiro
programa de TV, utiliza sem autorização a música dos compositores
baianos Carlos Pitta e Edmundo Caroso, “Cometa Mambembe”. Pitta não
gostou nem um pouco de ver sua música ligada a uma campanha política e
pretende processar o candidato.
Segundo Carlos Pitta, ele não foi consultado para que o jingle, que
utiliza a mesma melodia e faz uma paródia da letra, fosse usado por
campanha alguma. “Eu não aceito paródia nenhuma da minha música e muito
menos paródia para campanha política. Isso é uma falta de respeito, não
autorizei em nenhum momento e nem o meu parceiro autorizou absolutamente
nada”, reclama.
Abrir um processo judicial por conta do uso é uma das possibilidades
estudadas atualmente pelos compositores da canção. “Nós podemos abrir um
processo. Nós temos advogados de direitos autorais constituídos para
esse tipo de coisa. Eu sou um compositor de mais de 500 músicas gravadas
no mundo todo, então eu tenho uma representatividade com o meu
trabalho”, avalia Carlos Pitta.
O cantor baiano acredita que a utilização deturpou a sua obra. “Existe
um elo sagrado entre mim e as minhas composições. Ninguém pode deturpar
uma obra artística, você não pode deturpar um quadro de Picasso, por
exemplo. É preciso ter respeito pela criação”, lamenta.
O compositor considera a utilização para campanha política uma invasão
de propriedade e reitera que a obra artística não é de domínio público.
“Isso é uma invasão de propriedade. É uma propriedade autoral nossa e
eles não poderiam nunca fazer isso. Essa música tem compositores, tem
uma editora, então tem uma representatividade. Essa música não é domínio
público”, ressalta.
No primeiro programa de campanha de Robinson Faria, a música composta
por Carlos Pitta e Edmundo Caroso é o pano de fundo de um clipe onde o
candidato cumprimenta pessoas nas ruas. A letra original (“E tenha fé no
azul que tá no frevo que o azul é a cor da alegria um cavalo mambembe
sem relevo um galope de Olinda pra Bahia”) é modificada para conter o
discurso do candidato (“tenha fé na força do vermelho que o vermelho é a
cor da alegria e o Rio Grande do Norte unido e forte com a força de
Robinson Faria”). Alcimar Monteiro, que inclusive já gravou a versão
original da composição, canta o jingle.
Carlos Pitta consigera descabido da parte da campanha de Robinson
utilizar uma música de sucesso como jingle sem pedir autorização dos
seus compositores. Isso em tempo de internet. “Hoje em dia todo mundo
sabe de tudo porque tudo é muito rápido e a rede de computadores
funciona. Você sabe o que acontece no Japão, por exemplo, em questão de
minutos. Então, as pessoas deveriam se preocupar mais com isso”,
explica, acrescentando que dificilmente a “utilização indevida” passaria
despercebida.
A composição está registrada no Escritório Central de Arrecadação e
Distribuição (ECAD) sob o número T-039.053.938-4. O registro foi feito
em 2007 no nome de Carlos Pitta e José Edmundo Silva de Almeida (Edmundo
Caroso). Pitta e Caroso irão se reunir nesta quinta-feira (21) com o
seu advogado para decidir quais as medidas judiciais cabíveis.
A música
Comete Mambembe foi composta em 1983 e se transformou num sucesso com o
cantor alagoano Carlos Moura, conquistando mais de 60 regravações desde
então. Bandas como Araketu, Chiclete com Banana e Banda Eva, além de
Luiz Caldas regravaram a canção. A música é uma mistura de frevo e
arrastapé, com influência de Luiz Gonzaga e compositores pernambucanos
como Capiba e Duda do Frevo.
“Essa música teve exibição no Fantástico e passou mais de cinco anos
como a mais tocada do carnaval de Salvador. É talvez uma das poucas
músicas compostas na Bahia que toca no carnaval de Pernambuco”, conta
Carlos Pitta.
CLIQUE AQUI E OUÇA O JINGLE
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